Dando continuidade a nossa semana especial do Oscar 2019, chegou a hora de falar de um dos filmes mais saudosistas da nossa lista. Green Book: O guia que teve cinco indicações ao maior prêmio do cinema em 2019, é sem duvida um dos trabalhos mais satisfatórios de todos os indicados. Hoje vamos entender o que fez Green Book ser tão especial e porque ele mereceu todo esse reconhecimento que teve.
Bom pessoal, antes de falar sobre esse filme, é bem importante saber de onde ele veio e o que ele significa. Green Book acompanha a história real de nada mais, nada menos que Tony Lip. Se você não sabe quem é, aqui vai um breve resumo sobre essa personalidade muito querida em sua época: Tony foi simplesmente um ator que fez o grande papel de Carmine Lupertazzi na série da Família Soprano (The Sopranos) que foi produzida pela HBO. Ele ficou bem conhecido por esse seu trabalho, o que lhe rendeu outros papeis de mafiosos em outras séries da época. A questão é que as aventuras da vida de Tony Lip não começaram nas telonas... Antes disso ele já tinha feito coisas bem interessantes, como por exemplo ser o motorista e guarda-costas do grande pianista da década de 60: Don Shirley. E a história contada em Green Book é justamente a do período que Tony e Shirley passaram juntos após se conhecer.
A trama já foi brevemente explicada no tópico anterior, mas vale a pena resumi-la melhor aqui para vocês: Tony Lip após ficar temporariamente em sem emprego no ano de 1962, acaba sendo convidado por um doutor em música para trabalhar na função de motorista e segurança durante uma turnê do artista pelo sul dos EUA. No inicio a relação dos dois é bem limitada, por viverem literalmente em mundos diferentes... Porém conforme vão se conhecendo, Lip e Shirley percebem os problemas que o outro carrega, e juntos eles vão passando pelos desafios ate o fim da turnê musical.
O roteiro do filme tem uma peculiaridade bem legal, pois foi escrito pelos parentes, mais diretamente pelos filhos de Tony. Por isso a veracidade dos fatos tem um gosto mais saboroso, você consegue notar que tem um tipo de afeto nessa produção, principalmente pelo clima sempre empolgante que o filme carrega. Ate nas cenas mais densas e tensas, você ainda consegue puxar um pouco desse lado mais leve presente no longa, o oque é um ponto bem saboroso que ajuda muito na experiencia do filme.
Porém além desse fato bem interessante, o roteiro ainda traz uma qualidade geral inacreditável. O texto desse trabalho consegue agradar em todos os sentidos possíveis... Com destaque principalmente para os diálogos. Naturalmente a interação dos dois personagens principais já funciona muito bem, carregado com diálogos extremamente bem escritos que trazem um pouco da esperteza do roteiro, o longa te prende com uma facilidade notável. O enredo também se preocupa em passar muitas mensagens através de criticas, tanto por diálogos quanto por referências sociais daquela época nos EUA. A mensagem central que o filme quer passar, fica muito clara, ate porque a gente sabe que o racismo no mundo inteiro naquela época (e ate hoje em alguns países) era algo repugnante, e eles usam todos os artifícios de roteiro para abrir sempre um espaço onde uma critica possa aparecer em cima desse fato. Dentro desse contexto, uma coisa bem legal desse filme é que nada parece forçado. Todas as decisões, todas as referências sociais, todas as criticas, todas as reviravoltas, todas as piadas, tudo é em um timing muito bem conduzido. O roteiro tem méritos nessa trama bem articulada, porém a direção é um dos pilares para isso funcionar tão bem.
Falando no diretor, o Peter Farrelly é quem comanda esse projeto, que inclusive tem muito a cara dele. O longa tem seu lado dramático e tem seu clímax que é maravilhoso, porém o tom cômico se destaca, conseguindo ficar presente a todo momento. E sinceramente? Essa cara que o filme toma por ser mais brincalhão do que sério, se tratando de um assunto tão pesado... É o que mais me agrada em tudo. O peter conseguiu ser engraçado sem ser exagerado, conseguiu trazer um humor continuo, sem ser cansativo, e também ele consegue te fazer rir de verdade sem fazer piadas fáceis. Porém nem todo crédito fica para ele... Muitas cenas cômicas exigiam um trabalho muito bem feito dos atores, e eles entregaram impecavelmente.
A fotografia é bem bonita, não chega a ser nada espetacular, porém também não é ruim. Só que dentro dessa função, especificamente em um momento a fotografia chega a ser MARAVILHOSA. Tem uma cena na neve que é a coisa mais linda do filme, é simplesmente belo, com certeza a imagem que mais roubou a atenção no longa inteiro.
Além do roteiro funcionar bem, trazer uma história legal e ser engraçado... Ele ainda gira em torno de referências dele mesmo. O Peter joga algumas informações no primeiro e no segundo ato, para no terceiro puxar todas elas de volta para fazer uma conexão mais forte entre você e os dois principais personagens. Isso é muito bem feito e alguns "Plots" são totalmente inesperados. Você realmente fica surpreso com alguns fatos que o filme entrega no seus minutos finais.
O elenco desse longa traz um pessoal muito bom, em que alias os dois principais atores estão indicados para o Oscar 2019. O Viggo Mortensen (O senhor Dos Anéis: A sociedade do Anel) esta espetacular de Tony Lip, e o Mahershala Ali (Alita: Anjo de Combate) é com certeza o melhor em tela, rouba a cena interpretando o Shirley. Além desses dois, ainda temos a Linda Cardellini (Pai em dose dupla) interpretando a Dolores, e o Sebastian Maniscalco que é quem faz o Johnny.
Green Book provavelmente vai levar um Oscar pelo trabalho do Mahershala, porém acho difícil o Viggo ganhar o dele. Em todo caso foi um grande filme, tem seus méritos e foi reconhecido como tal. Green Book é um grande titulo de 2018 e um bela homenagem a os grandiosos Tony Lip e Don Shirley.
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