top of page
Foto do escritorIury D'avila

Especial Oscar: Infiltrado na Klan (2018)

Atualizado: 21 de ago. de 2019



Durante toda essa semana especial que precedeu a premiação do Oscar, nós aqui do Sessão Cinema analisamos quase todos os filmes que vão concorrer na principal categoria. Com as analises já feitas de Bohemian Raphsody, Nasce uma Estrela, Roma, A favorita, Green Book e Vice, (Considerando que vamos adiar a análise de Pantera Negra por contra do Nostalgia Marvel) o último filme que falta ser comentado, é justamente o longa de hoje. Jovens, chegou de hora de: Infiltrado na Klan.


Vocês devem ter percebido durante toda essa semana, e observando todos os indicados, que o Oscar desse ano trouxe muitos casos da vida real, várias histórias adaptadas ou ficcionais, porém que tem esse peso do passado. Na verdade, tirando Pantera Negra, todos os filmes da principal categoria tem um certa responsabilidade histórica. E infiltrando na Klan (Seguido de Vice) pode ser de todos esses filmes o que mais traz impacto sobre o mundo real. O racismo americano já foi abordado essa semana na Análise Green Book aqui do site, e vocês devem ter percebido como esse tema é discutido de maneira bem constrangedora lá nos Estados Unidos. Os negros ate hoje sofrem com alguns problemas que vem de décadas atras, e o que faz muita gente olhar para um filme como Infiltrado na Klan e ver ele adotando uma postura atual, não é fotografia, não é figurino, não é ambientação, não é maquiagem, não é nada... Apenas fatos que se repetem.


A trama conta a história do primeiro policial negro da região do Colorado. Ron Stallworth, além de ser pioneiro nesse sentido, ainda foi responsável por uma operação onde se infiltrou na Ku Klux Klan, e assim impediu e sabotou vários ataques do grupo, além de derrubar alguns integrantes importantes da seita racista.


O filme mesmo sendo baseado em fatos reais, se adapta para dar uma maquiada em alguns momentos. Já que o longa trata do tema racismo com um certo lado cômico, para assim fazer um projeto com um tom mais leve, ao mesmo tempo que ele traz muito conteúdo com uma pegada mais séria, também cerca esses momentos fazendo humor com o próprio filme. Todo mundo envolvido no projeto sabia da sensibilidade que envolve o tema racismo, por isso se deixar levar na maneira mais divertida possível, sem ser ofensivo, com um tom que acerta tanto nas partes mais cômicas quanto na exigência do drama,  foi um acerto mais que perfeito, dosado bem na medida correta.


O diretor desse trabalho é um cara Spike Lee. Em seus projetos ele sempre tende a mexer com esse tópico de diferença racial, e nesse mais novo projeto dele, foi onde ele  mais conseguiu passar uma mensagem com perfeição. Acho que tratar algo como a KKK com a ousadia, usando um vocabulário pesado, e referencias da visão dos dois lados da situação, foi um dos destaques do seu trabalho. Ele também gosta de brincar muito com as cores, porém sempre com um tom mais critico. Existe uma cena no primeiro ato do filme, que reflete justamente essa percepção critica, quando ele meio que esconde os cabelos afros dos personagem em meio a um discurso. O Spike Lee também tem um jeito bem caricato de fazer algumas cenas especiais, boa parte do trabalho dele nesse filme é bem linear, porém em alguns momentos ele ousa e solta uma cena que se destaca na maioria.


A fotografia é boa, não achei nada de muito especial, porém funciona para o filme. A trilha sonora também é bem legal, tem momentos que se destaca em meio a cena, e funciona muito bem quando caminha lado a lado com o filme.


O roteiro é uma das coisas que mais chama a atenção nesse projeto por vários motivos diferentes. Começando pelos diálogos, eu já falei que eles não exitam em colocar um linguajado super pesado no longa, que tem o objetivo mesmo de ser real e ofensivo. Tem ate momentos que chega a ser repetitivo, mas funciona muito bem para criar o conceito por traz da KKK. O arco principal também funciona de maneira bem lisa, você acompanha o crescimento do protagonista carregando suas motivações que por mais que não sejam totalmente bem feitas, é compreensível por se tratar de uma opção, considerando que o longa ignorou alguns fatos para focarem mais outros . A construção dos atos é quem é bem destacável aqui, pois temos propostas bem diferentes para cada etapa do filme. No primeiro ato você tem um começo bem divertido, uma apresentação legal, uns diálogos bem escritos, e tudo anda numa velocidade ótima. No desenvolvimento você vai começar se sentir mais na pele do protagonista, pois ele, diferentemente do começo do projeto, onde ele não se sentia muito atingido, agora todo o clima vem com aquele tom mais pesado e o diretor enche o longa de cenas especificas para a essa evolução do personagem. O terceiro ato é totalmente a redenção, é aquele momento que você toca na ferida e começa a ver a trama andar por um rumo mais dramático, mais tenso, e que a história vai te instigando nesse lado mais pesado.


O elenco desse filme conta com um pessoal bem foda. O John David Washington (Malcolm X) é o Ron Stallworth, o Adam Driver (Star Wars - Nova trilogia) foi indicado a melhor ator coadjuvante pelo seu papel de Flip Zimmerman, a Laura Harrier (Homem-aranha: De volta ao lar) que inclusive é uma das atrizes mais lindas da nova geração, esta muito bem como Patrice, o Ryan Eggold (A lista negra) é quem faz o Walter, o Topher Grace (Interstellar) é o David Duke, e o Jasper Pääkkönen (Coração de leão) é o Felix.


Infiltrado na Klan não chega a ser um filme excepcional, porém na minha opinião é um dos prováveis a levar a estatueta de melhor filme. Considerando que ele é um trabalho que merece um reconhecimento, porém vai ser esquecido nas outras categorias, enquanto Roma, Vice, e A favorita fazem a limpa, Nasce uma estrela, Bohemian, Green Book, e Pantera vão levar um ou dois, Infiltrado chega forte nessa concorrência para principal, pois a academia pode querer dosar os prêmios e deixar o titulo de melhor filme com um longa que querendo ou não pode sim merecer essa vitória.

0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page