O Oscar 2019 esta se aproximando, e já no próximo domingo, dia 24, acontece a premiação dos melhores filmes do último ano. Como a gente já analisou Bohemian Raphsody e Nasce Uma Estrela, dois dos longas que vão concorrer a melhor filme. Seis trabalhos faltam ser mostrados aqui. De hoje para sábado falaremos de Green Book, A Favorita, Vice, Infiltrado na Klan e Roma que vamos analisar hoje. Pantera Negra que é o outro longa indicado, a gente vai deixar para falar no Nostalgia Marvel, para não quebrar a linha de lançamentos do UCM.
Bom jovens, Roma, um dos favoritos a levar o Oscar de Melhor filme esse ano é uma produção da Netflix comandada pelo Alfonso Cuarón, que já é dono de um Oscar. Esse filme ganhou muita moral pela sua indicação, principalmente por ser um dos favoritos sendo uma produção mexicana e também por ter vindo do Streaming. Ele não é uma produção fácil de captar, tem uma postura mais pontual referente a década de 70 que é quando o filme se passa, se agarrando completamente nesse objetivo de trazer o mais real possível de uma experiencia sobre o México naquela época.
O longa conta a história de Cleo, uma serviçal que trabalha cuidando da casa de uma família da alta classe durante os anos 70 no bairro de Colonia Roma na Cidade do México. Durante sua jornada no trabalho, ela acaba sempre tendo que auxiliar em problemas dos seus patroes, e tudo se complica quando ela tem uma gravidez indesejada que muda totalmente o foco objetivo da vida de sua vida.
A direção do Cuarón nesse filme é uma das coisas mais belas do cinema atualmente. Ele que esta indicado a melhor diretor, tem boas chances de levar o premio pela precisão do seu trabalho. Durante todo o longa é perceptível o cuidado que ele tem em fazer um filme linear. Existe vários planos contínuos que são sensacionais, ele evita fazer cortes, e realmente, a filmagem só é interrompida quando não existe mais para onde a cena evoluir. Um detalhe muito bom da direção de Roma, é que o Cuarón sempre toma cuidado em deixar todos os personagens que estão em cena trabalhando. Mesmo quem esta lá no fundo da cena, desfocado, sem atenção nenhuma, eventualmente se torna uma peça relevante para aquele momento. Outro detalhe é o enquadramento. Muitas vezes a câmera não centraliza no personagem principal da cena, tudo feito com o objetivo de dar espaço justamente para os outros personagens terem tempo de tela, mesmo que não seja seu momento. Existe também na direção desse filme o conceito de tela dividida. Ate nesse ponto vários personagens trabalham juntos. Em dois cômodos diferentes, dois personagens atuando individualmente, cada um caracterizado com seu objetivo em tela. O filme é todo muito bem filmado, e a direção é com certeza o que carrega Roma para esse sucesso reconhecido.
O padrão visual desse longa é outro ponto bem interessante. Mais uma vez, créditos para o diretor, pois o modo como ele traz referencias visuais do filme para momentos diferentes é sensacional. Várias cenas são refeitas durante o longa, mas cada uma delas com um contexto diferente em cima de uma proposta nova. Toda vez que uma cena é remontada, você sempre percebe que algo ali mudou, e isso é um reflexo da própria trama construída em uma cena chave.
Quem assistiu o filme, obviamente percebeu que ele todo é em preto e branco. De cara isso pode retratar o objetivo de se ter um trabalho retrô... Porém o precisão da cor que o filme apresenta foge disso. O preto e branco utilizado nesse longa foi especificamente escolhido por conta de seu tom mais forte que traz um pouco de modernidade dentro de si. Roma, recria o México da década de 70, porém de maneira mais atual possível. E o tom do preto e do branco é justamente o que traz essa atualidade em cima do trabalho.
Como o filme se passa no passado, é possível ver claramente algumas referencias ao país em que o longa se passa. A mais clara delas, deve ser com certeza o poster da copa do mundo de 70, que naquele ano, aconteceu no México. Eventualmente você vai notando detalhes pequenos assim, e é um jeito muito legal de ambientar bem o trabalho.
O elenco conta com um pessoal bem interessante, que tem prestigio por entender seu papel. Particularmente, eu acho o elenco bom, porém creio que a atuação ganha mais porque os protagonistas atuaram dentro de uma zona mais confortável. Um exemplo disso é a própria atriz protagonista, a Yalitza Aparicio que faz a Cleo. Ela realmente faz um bom trabalho, foi indicada a melhor atriz, favorita a ganhar, porém acho que o trabalho dela foi bem mais valorizado justamente por ela fazer uma personagem que não foge muito de uma realidade que pode (ou não) ser mais simples para ela interpretar. Se vencer o Oscar, vai ser bem merecido, porém eu precisava deixar esse adendo para vocês. Além da nossa protagonista, nos temos também a Marina de Tavira (Efeitos Secundários) que também foi indicada a Oscar, como atriz coadjuvante, ela faz a Sofia, a Nancy Garcia é quem interpreta a Adela, a Veronica Garcia é quem faz a Sra. Teresa, a Daniela Demesa é quem faz a Sofi, o Marco Graf interpreta o Pepe, o Diego Cortina Autrey é quem faz o Tonõ, e o Carlos Peralta é quem faz o Paco.
Roma é uma produção aplaudida pela critica, fez um enorme sucesso, foi indicado a várias categorias e tem grandes chances de roubar a cena no Oscar. Cuarón mais uma vez acertou, trouxe um trabalho que agradou mesmo sendo complexo propositalmente, e deu uma aula de direção nesse trabalho sensacional.
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