Em março de 2017 a internet parou para comentar uma das séries que mais estava chamando a atenção do grande público naquela ocasião. A produção que tocava na ferida de muitas pontas da sociedade, acabou sendo comentada positivamente e negativamente entre os telespectadores. Após um fim de primeira temporada chocante, essa série foi renovada, teve sua segunda temporada e com certeza seu terceiro ano chegará em breve. Por isso, antes da estreia da terceira temporada, nós vamos analisar essas duas partes que foram lançadas ate agora, para deixar você por dentro de tudo. Então, com isso, se preparem jovens, que hoje é dia da análise das duas primeiras temporadas de 13 Reasons Why.
Bom clã, primeiramente é importante falar um pouco do Background de dessa série. E a primeira pergunta que devemos fazer é "De onde veio 13 Reasons Why?". Essa história veio de um livro de MUITO SUCESSO, escrito por um rapaz chamado Jay Asher que foi lançado lá em 2007. O livro ganhou proporções mundiais e fez um grande acervo de fãs ao redor do nosso planeta, inclusive no Brasil. O primeiro vestígio de que essa produção ganharia uma versão audiovisual foi em 2011 quando a Universal decidiu comprar os direitos do livro para fazer uma versão com Selena Gomez no papel principal. O projeto não caminhou, mas Selena continuou interessada no trabalho, e lá em 2015, junto da Netflix, a atriz e cantora entrou como produtora executiva e assumiu um grande papel dentro no projeto. Quando a série estreou, ela já era praticamente um sucesso por conta dos fãs do livro... E fazendo mescla com as polemicas envolvendo a narrativa e o boca a boca que espalhou a série, 13 Reasons Why se tornou um dos fenômenos de 2017.
O roteiro da primeira temporada conta a História de Hannah Baker, uma garota que se suicidou após sofrer várias agressões psicológicas e físicas por parentes e amigos de escola. Porém antes de tirar sua vida, Hannah grava 13 fitas, deixando para traz treze nomes com treze motivos que causaram seu suicídio. Através de instruções deixadas pela própria Hannah, um garoto chamado Clay, antigo colega dela, é instruído a escutar as fitas para entender o ponto de vista da garota sobre tudo o que ela passou.
Inevitavelmente, a primeira coisa que a gente precisa falar sobre 13RW é do modo como a série aborda o assunto do suicídio e como ela transmite os problemas da juventude para a tela. E A maior polemica em cima disso tudo é de como eles publicamente mostraram a morte da Hannah. Existe literalmente uma cena que mostra o suicídio da garota, de forma bem clara e ate instrutiva. Houve muitas reclamações de pessoas que acharam a cena totalmente desnecessária e que era um absurdo, pois pessoas com mentes mais fracas poderiam usar aquela cena como motivação. O fato é que 13RW não é uma série simples de se assistir, e desde o começo você vê claramente que a cada fita, a cada episodio, o tom tem um peso maior. Querendo ou não, existe um cuidado da produção e dos diretores para tentarem transmitir esses fatos pesados da maneira menos agressiva possível, mas ainda sim, é um risco, como uma faca de dois gumes. Do mesmo jeito que 13RW ajudou muita gente a sair da depressão, existia um certo risco daquilo acabar prejudicando outras pessoas... E isso foi um aspecto que moveu muito a discussão sobre esse trabalho.
O Bullyng na escola também foi um ponto muito debatido durante essa primeira temporada, e esse fator acredite ou não foi MUITO importante para o crescimento da série. Existe muitos que olham para 13RW com o olho meio torto, desmerecendo os problemas que os jovens passam naquela idade. E realmente, para o pessoal que já passou da adolescência, aqueles dilemas dos protagonistas podem parecer bem pífios. Mas a questão aqui é que esses problemas existem, e estão lá, no dia a dia do jovem. Muitos adolescentes que assistiram essa primeira temporada em sua época de escola tiveram identificações, tiveram uma representatividade, e tiveram uma noção de como poderiam reagir naquela ocasião. Muitas vezes filmes e séries não olham esse lado do jovem, e as vezes ate olham, mas com uma visão bem torta. Aqui existe um respeito, existe um dilema, e eles entregam esses problemas de uma maneira natural, como se aquele mundo escolar fosse o epicentro de tudo. O modo como eles trazem o peso das situações também são um diferencial; e no geral, qualquer coisa agressiva que não deveria ser considerada banal, acaba tendo em 13RW uma visão mais pesada.
Os episódios dessa primeira temporada são separados em fitas: O primeiro episodio é a fita 1 lado 1, episodio 2 é a fita 1 lado 2 e assim sucessivamente. Esse modelo além de ser bem inovador e conversar com a série, traça uma narrativa que entrega bem a participação de cada personagem na trama. Os cuidados com a linha da história é muio grande, porém mesmo esse trabalho minucioso, não impediu a trama de se prolongar mais do que deveria e as vezes ate formar barrigas em certos episódios. Do mesmo modo que dividir os episodio em fitas ajudou a história a caminhar de maneira bem particular, também acabou prejudicando a velocidade dela que eventualmente fica um pouco cansativa.
O roteiro além de colaborar para entregar esse desenvolvimento para o final chocante que a gente conhece, também trabalha tanto nos diálogos, quanto na evolução do arco de personagens para soltar farpas e referências a muitas situações do mundo real que mesmo não sendo o tema principal da série, precisam ser abordados. Além disso, os próprios diálogos também são bem pesados e bem trabalhados, sem muitas voltas, para assim chegar no público com uma intensidade tocante.
A parte visual dessa primeira temporada, principalmente a direção, trabalha muito em como separar o presente do passado. Como a história é dividida em duas linhas temporais, eventualmente é preciso ter uma linha transitória. Essa linha é demarcada principalmente por um machucado do Clay, mas existe várias soluções visuais que separam o presente do passado. A presença da Hannah em cena é uma delas, a maquiagem de alguns personagens é outra, o visual e ate montagem e angulo de câmeras podem podem definir o que é presente e o que é passado. Basta um pouco de atenção para notar esses detalhes.
Falando agora já da segunda temporada que chegou ano passado em nossa Netflix, 13 Reasons Why voltou trazendo uma trama que na verdade não serve tanto para evoluir a história que foi apresentada, e sim para expandi-la. Esse segundo ano trouxe mais uma vez aquele período temporal em que Hannah Baker decidiu cometer o suicídio, mas dessa vez a história não era contada por ela, e sim pelas pessoas que ela acusou serem os causadores de sua morte. O Julgamento do suicídio foi feito e cada um contou sua versão daqueles fatos. O que era pra uma temporada que começou sendo muito criticada, acabou entregando uma premissa interessante que arredondava bem mais um novo ano para série.
Nessa temporada, querendo ou não a base de roteiro foi a mesma, trocando apenas os elementos visuais e o modo como eles apresentam a narrativa. Agora é a história é a mesma só que com uma velocidade diferente e uma porta aberta para você apresentar e reconstruir aquela trama. Apesar de parecer desnecessário você colocar fatos que teoricamente não existiam naquela história, narrativamente faz sentido, já que você está vendo a trama pelo olhar de outra pessoa. A verdade da Hannah não é absoluta, e por isso você pode interpretar junto com os juízes o que é fato e o que é mentira.
Apesar da primeira temporada ter cenas chocantes, eu acho que essa segunda foi por um lado visual bem sinistro e pegou mais a agressão física aqui do que a psicológica. Enquanto a Hannah sofreu boa parte do tempo mentalmente, aqui a parte física foi bem mais explorada. Por isso a maquiagem, os cenarios, figurinos e etc foram peças bem relevante nessa segunda temporada, pois foram os elementos que construíram o visual destrutivo desses personagens.
Essa temporada 2 teve sua divulgação muito baseada na informação não-oficial de que teríamos um massacre escolar sendo o foco principal. E esse fato, mesmo não sendo o centro da temporada, foi abordado e construído durante todo um arco desse ano. E isso remete ao arco final, onde as últimas cenas dessa temporada se mantiveram no nível da primeira, porém em um telhado de vidro diferente. Eu acho que eles não tiveram a ousadia para fazer o que deveria ser feito, e finalizaram a season de um jeito meio seco. Mas consequências podem vir no terceiro ano, e quem sabe teremos de volta um final de temporada como 13RW merece.
O elenco recorrente dessas duas temporadas conta com uma galera bem popular e que manda muito bem. A Katherine Langford (Com amor, Simon) é a Hannah Baker, o Dylan Minnette (Prison Break) é o Clay Jensen, o Christian Navarro (Poderia me perdoar?) é o Tony, a Alisha Boe (Atividade Paranormal 4) é a Jessica, o Brandon Flynn é o Justin Foley, o Justin Prentice (Glee) é o Bryce, o Devin Druid (CAM) é o Tyler, o Miles Heizer (Nerve) é o Alex, o Ross Butler (Shazam) é o Zack, o Henry Zaga (Os novos mutantes) é o Brad, o Derek Luke (Capitão América: O primeiro vingador) é o Mr. Porte, a Amy Hargreaves (Homeland) é a Lainie Jensen, a Kate Walsh (Grey's Anatomy) é a Sra. Baker, e o Brian d'Arcy James (O primeiro homem) é o Sr. Baker.
Bom jovens, 13RW já foi renovada para o seu terceiro ano, e logo, logo a série voltará a estar entre nós. Em breve com certeza vamos aparecer aqui de novo para falar dessa grande produção da Netflix e comentar mais um pouco sobre esse trabalho incrível chamado 13 Reasons Why.
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