À alguns dias atrás, chegou na Netflix o terceiro ano de uma das séries mais populares e adoradas da plataforma. Essa produção, que tem um grande apelo entre os jovens, é uma das séries mais revelantes do serviço de streaming, e por isso seu terceiro ano não podia passar em branco. Sabendo disso, hoje nós viemos aqui justamente comentar essa nova fase dessa série. Por isso meus adolescentes, se preparem que hoje é dia da análise da terceira temporada de 13 Reasons Why.
Bom clã, aqui no Sessão Cinema, nós temos vários textos falando sobre essa produção. Temos uma análise falando da primeira/segunda temporada, que é importante vocês lerem para se ambientarem nesse terceiro ano. E temos a análise dos dois trailers, que é legal vocês lerem para verem se as teorias da gente estavam certas ou não. Em todo caso, fica a recomendação dos nossos conteúdos sobre esse trabalho da Netflix.
O enredo dessa terceira temporada nos conta que Bryce Walker foi assassinado, e os principais suspeitos são seus colegas de escola. Nessa jornada para descobrir quem foi o responsável pela morte do garoto, os outros alunos da Liberty acabam descobrindo que todo mundo ali tem algum segredo oculto que indiretamente poderia se conectar ao assassinato do Bryce.
A primeira coisa que a gente deve falar desse ano de 13RW é a premissa da temporada. O fato é que Claramente a produção tinha esgotado a trama de Hannah Baker, e seguir tentando puxar alguma história do grande arco dela, era em vão. Por isso, renovar a série com um novo drama foi o caminho necessário, o no meu ver, o mais sensato. Falando ainda dessa premissa, uma coisa que eu curti bastante é que na verdade a morte do Bryce é apenas uma espécie de recurso narrativo para 13 Reasons Why ter a porta que precisa para fazer o que faz de melhor: Apresentar problemas da adolescência atual. Depois depois de muitas criticas, eu acho que dessa vez os produtores foram bem cuidadosos e conseguiram estagnar esses eventos adolescentes e trazer de forma bem eficiente essas questões dos jovens que são tão pesadas.
13RW tem um público alvo, e claramente esse nicho bem seleto é muito particular. Sabendo disso, e com a grande eficiência em tocar nesses assuntos delicados do mundo jovem, essa nova temporada veio com seu objetivo traçado, e no meu ver, conseguiu entregar bem sua mensagem. A gente vai discutir mais um pouco o roteiro, e alguns problemas desse pilar, mas... Evidentemente o foco da série era mais entregar essas questões adolescente do que entregar profundidade certos arcos. Vendo pelo ponto narrativo, a temporada pode ser MUITO questionada, mas acho que vendo pela visão objetiva, fica bem implícito o que é a prioridade central da produção.
O fato é que esse ano, acho que mais ainda do que os outros, tem um discurso que funciona muito bem para os jovens. Nas outras temporadas houveram questões muito importantes, mas creio que nesse ano mais recente, houve uma mescla de tudo que foi apresentado nos anos anteriores, e de várias coisas que não foram citadas, para criar uma carga ainda maior nas costas de todos os personagens principais. Essa temporada meche com muitas consequências, diferente da segunda que tinha mais dilemas, e diferente da primeira que era mais focada em bullyng.
E apesar de discutir muito consequências, essa terceira temporada caminha por um terreno onde ela toca em pontos delicados, no meu ver de maneira bem didática. Assuntos como homossexualidade, drogas, suicídio, estupro e etc, já tinham sido evidenciados na série, e foram aproveitados nesse roteiro de novo. Além disso, esse novo ano vai além e fala de temas como aborto, masturbação, traumas, feminismo, fetiche, e existe ate uma cena que remete a mansplaining. A série separa, no meio da trama, momentos específicos, em que esses certos tópicos são abordados e levam a mensagem da temporada.
Além dessas questões listadas, existe uma ponta especifica que foi o principal gancho deixado para essa terceira temporada. Massacre é um tema que não é abordado de frente nessa temporada, mas a série flerta com um evento trágico desses em boa parte dos episódios. Existe uma certa tensão envolvendo isso durante o inicio da temporada, e como eu previ na análise dos trailers, aos poucos a trama foi transitando desse foco, para o foco no Bryce. Em todo caso, eles não deixaram essa pauta de lado, e falaram indiretamente bastante sobre consequências desse tipo de ação.
Como toda nova temporada de série escolar, alunos novos são introduzidos na trama. Nesse caso mais recente de 13 Reasons Why, a principal aluna, é justamente uma das protagonistas da temporada Ani chegou do nada, e roubou o centro da série, sendo ai a nova narradona. A ideia dessa personagem é muito interessante, porém... Eu não acho que ela tenha funcionado com tanta eficiência assim. A Ani acaba se destacando mais por ser um recurso de roteiro, do que uma personagem. Parece que a personagem acompanha o que a narração dita, e não a narração conta os passos do personagem. Isso traz um certo incomodo, pois a Ani era alguém com um potencial bem maior.
Além da Ani ser uma personagem com um potencial bem rico, ela era especial, pois era uma garota estrangeira. O sotaque da Ani é interessante e dá uma pegada bem gostosa aos diálogos. A inclusão foi bem feita com essa personagem, porém... A própria não teve tanta eficiência quanto poderia entregar.
Vale citar também que a Ani tem outro problema nessa temporada, muito voltado para o seu intelecto. A trama tenta construir uma personagem que é esperta a um nível bem surreal. A Ani ser mais esperta que a policia é algo que foi estranhamente elaborado dentro dessa trama. Pode ser até aceitável esse argumento em certas circunstancias... Mas sinceramente? Não foi tão bem redondinho.
Além dessa super inteligencia da Ani ser bem rasa, conta o fato de que quase todos os arcos de quase todos os personagens são bem rasos. A trama apresenta que todo mundo tem motivo para matar o Bryce, porém... Alguns argumentos usados, apesar de serem coerentes, são bem fáceis. Fora que vários arcos são semelhantes, repetitivos, ou forçados. O fato é que, como eu já falei, a trama se importa mais em entregar as questões adolescentes, do que encaixar uma profundidade em certos arcos.
Para fechar a análise, vamos falar aqui algumas coisas voltadas para o visual. O primeiro destaque vai com certeza para os filtros da série, que eu acho muito foda. Os filtros são muito utilizados para transição, ajudando assim a definir o que é presente, e o que é passado. Fora que a série tem um tom bem seco, bem dramático, frio e bem mórbido. Acho que diferentemente da primeira temporada, onde tudo era pesado, mas com um tom mais forte, aqui as coisas visualmente são bem mais densas e no meu ver, mais bem trabalhadas.
O elenco desse terceiro ano traz uma galera que evoluiu bastante. No meu ver, muitos do elenco tem sua melhor performance nesse terceiro ano. O Dylan Minnette (Prison Break) é o Clay, a Grace Saif é a Ani, a Alisha Boe (Atividade Paranormal) é a Jessica Davis, o Brandon Flynn é o Justin Foley, o Christian Navarro (Poderia me perdoar?) é o Tony, o Justin Prentice (Glee) é o Bryce Walker, o Miles Heizer (Com amor, Simon) é o Alex, o Ross Butler (Shazam) é o Zach, o Devin Druid (CAM) é o Tyler, o Timothy Granaderos (The Twin) é o Monty e o Mark Pellegrino (Supernatural) é o Bill.
Bom jovens, 13 Reasons Why ainda não foi confirmada para sua quarta temporada, mas existe algumas pontas que podem (ou não) serem amarradas em uma eventual continuação. Na minha opinião, o show já foi entregue e acho que essas três temporadas são bem fechadas. Em todo caso, se a série for renovada, com certeza voltaremos aqui de novo para falar um pouco mais de 13 Reasons Why.
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