2019 Será um grande ano para os super-heróis e com certeza também será um ano fantástico para as animações... E para provar isso tudo, logo no inicio do primeiro mês já temos um dos filmes mais aguardado de ambos os gêneros, e que foi o vencedor do Globo de Ouro 2019 como melhor animação. O novo filme do Homem-Aranha é um trabalho que vem sendo comentado desde o inicio do ano passado e é um dos projetos mais sensacionais desse ano. Hoje vamos analisar e explicar para vocês um pouco de como é passar por essa experiencia única chamada Homem Aranha: No Aranhaverso.
Esse trabalho não é um projeto que caiu no gosto do público a partir do nada. Simplesmente tudo que envolve esse filme foi construído na base do fanatismo de quem estava envolvido na produção. A ideia partiu de uma galera que entendia o que era o Homem-Aranha, entendia a importância de um multiverso, gostava do personagem e principalmente... Sabiam como fazer uma trama que agradasse o público, pois grande parte da galera da produção ou era fã do personagem ou tinha trabalhado em outros projetos envolvendo o Homem-Aranha. E isso é muito bem transmitido em tela, é lindo perceber que tem algo maior envolvido e que era um trabalho que todo mundo sabia que iria dar certo e não tiveram medo em momento algum. Foram cautelosos no roteiro quando precisava, mas ousaram e reconstruíram cenas clássicas com firmeza e responsabilidade sabendo que seria um grande acerto. Isso é muito importante, tanto que no filme do Venom por exemplo, esse foi um dos grandes motivos por tudo que aconteceu e pelo fracasso de critica (Mesmo sendo um sucesso de bilheteria). Independente de qualquer coisa, você sente o clima que o filme passa ate nas decisões dos personagens que são boa parte das vezes inseguras. Já em Homem Aranha: No Aranhaverso é tudo linear e muito bem decidido.
A trama conta a história do jovem Miles Morales, que após ser picado por uma aranha radioativa, ganha algumas habilidades especiais semelhantes a de um grande herói da sua região, conhecido como Homem-Aranha. Miles então descobre que multiversos realmente existem e vários outros como ele, e como o Peter Parker, protegem as outras realidades. Agora ele precisa junto com seus novos parceiros, impedir o rei do crime de destruir o multiverso e fazer com que todos os outros aranhas voltem para seus mundos.
A animação do filme é simplesmente sensacional. O objetivo sempre foi fazer um filme sem perder a essência dos quadrinhos. E isso foi tão bem planejado e trabalhado que ate os traços tem um toque mais pessoal, diferente de qualquer outra animação. O potencial artístico é exposto principalmente quando os outros aranhas são introduzidos e ai você consegue ver a divergência proposital de desenho que é imposto para alguns universos. É tudo muito lindo e principalmente muito criativo. A animação é sempre acompanhada daquele tom mais fechado que explode em cores quando acontece alguma ação repentina.
A direção também é sensacional, principalmente porque teve a participação de dois caras que são acostumados a dirigir animação: O Peter Ramsey e o Bob Persichetti. Além dos dois, o trabalho também foi comandado por Rodney Rothman que é o cara que dirigiu Anjos da lei por exemplo, e nesse filme ele coloca um pouco da sua comedia mais sarcástica no meio de tudo. A ação do filme é muito boa também, existem momentos que acontece muita coisa ao mesmo tempo e fica confuso, mas é sempre com aquele intuito de se aproximar de quadrinhos. Inclusive a conexão do Miles com o telespectador é feita justamente através dos quadrinhos que é o elemento usado para ambientar o personagem, e para explicar um pouco do que acontece quando ele é picado pela aranha.
O roteiro é sem duvida um ponto chave em todo esse trabalho. Existe aquela história que eu sempre falo envolvendo a cartilha básica, a jornada clássica, etc. Esse filme reconstrói essa jornada totalmente atualizada como se fosse em uma outra realidade. E é nesse ponto que o roteiro conversa com o filme, pois durante todo o tempo, o longa te deixa claro que o universo do Miles não é o nosso... E sim apenas um paralelo. Na verdade o filme diz indiretamente para você que leva em consideração os filmes do Tobey Maguire, e que ele é o Homem-Aranha da nossa realidade. Então ate na construção dos personagens eles aproveitam essa questão do multiverso, e explicam a história do Miles de maneira mais pessoal, muito bem contada e principalmente muito rápida e coerente. Sem contar que todos os outros Homem-Aranha tem seus backgrounds explicado de maneira genial. O roteiro também tem uns plots ótimos e a história é muito bem conduzida. No terceiro ato tem uma ou duas pequenas pontas soltas, mas que não são nada comparado a toda trama bem fechada que eles fazem questão de explicar.
A trilha sonora é simplesmente maravilhosa. O trabalho do Daniel Pemberton e de toda a galera que cuidou da parte musical foi tão relevante que ele usaram como um dos principais materiais de divulgação do filme. É notável durante todas as entradas musicais o destaque ela assumia e embalava o filme. A mixagem de som também estava ótima. Não é um ponto que eu comento sempre, mas dessa vez vale ressaltar esse detalhe.
Para finalizar temos que citar as referências que não são poucas. Eu não vou estragar e contar nenhum Easter Egg, porém é importante falar como eles respeitaram todo e qualquer Homem-Aranha que veio antes. Os quadrinhos aparecem direto, citações são frequentes, frases clássicas, tudo é feito com um respeito majestoso. E o mais legal é que eles brincam com isso tudo. O filme além de tudo é de humor também, as vezes tentam jogar uns sustos para fazer terror, mas é tudo com o intuito de brincar com o personagem mesmo. E você vê a relevância disso tudo nas duas cenas pós-crédito. A primeira é um homenagem linda ao homem que deu vida a esse personagem... Stan Lee ganha espaço tanto no filme, quanto no pós-crédito. E a segunda cena, o que acontece depois de todos os nomes subirem, é a coisa mais maravilhosa que você poderia ver. A galera realmente incorporou o meme e acreditem ou não, colocaram no fim do filme...
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