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Foto do escritorIury D'avila

Análise: Coringa (2019)



Outubro chegou e nessa quinta começou o décimo mês cinematográfico de 2019. Para abrir com chave de ouro essa nova leva de filmes, hoje chegou as telonas uma das produções mais esperadas do ano tanto no cinema de heróis, quanto no cinema geral. Isso mesmo jovens... Chegou a hora do maior filme da DC do ano. Por isso clã, coloquem suas mascaram e se preparem,  que hoje é dia de Coringa.


Bom clã, todo mundo aqui sabe o que e quem é o Coringa, certo? O vilão mais clássico do Batman e um dos mais icônicos dos quadrinhos dispensa apresentações. Esse personagem já foi vivido algumas vezes no cinema, sendo a sua mais recente interpretação tendo acontecido em Esquadrão Suicida lá em 2016. O Coringa também apareceu em 2008 lá em Batman: O cavaleiro das trevas. Esse último filme foi analisado aqui ontem, e nele a gente explica o motivo do Heath Ledger ter se tornado o maior Coringa da história. É muito interessante que você esteja ciente principalmente da existência do Coringa do Ledger, pois hoje a gente vai comentar um pouco sobre as particularidades dele e as diferenças entre o melhor Coringa existente ate agora e o do Joaquin que estreou hoje.


O enredo desse longa basicamente nos apresenta um rapaz chamado Arthur Fleck, que sofre de um distúrbio no qual ele não consegue controlar sua risada. O mais irônico é que esse próprio Arthur tem uma vida totalmente infeliz, o que resulta numa mistura psicótica de emoções que acaba destruindo o rapaz por dentro. Sendo consumindo internamente. A forma mais eficiente que Arthur encontra para desabafar, acaba sendo a menos sensata possível, e é nessa jornada de caos que ele vai se encontrar como o vilão que ele estava destinado a ser.


Não é segredo pra ninguém que a jornada do Coringa nesse filme é toda voltada a transformação dele no vilão que a gente conhece, certo? Apesar dos trailers venderem um filme INCRÍVEL, a gente não podia ter certeza ate ver, e... Sim, o arco do Arthur é surrealmente incrível. O roteiro constrói um drama totalmente embasado e que entrega um arco fechadinho. O filme é bem no chão, e por isso bem fiel a um contexto real. Durante todo o longa você acredita no Arthur e você sente muito a dor dele.


Além da jornada do próprio protagonista, é muito legal ver também a jornada de Gotham. Sim meus amigos, Gotham também tem uma transformação... Uma baita transformação. A cidade clássica que a gente conhece dos quadrinhos, nessa adaptação, é toda conectada com o que acontece com o Coringa. Muito de Gotham é consequência direta das ações do Arthur no terceiro ato, e isso é uma coisa que apesar de não ser central, é algo bem relevante da trama.


Uma coisa que funciona muito bem na trama do Arthur é um recurso de roteiro que basicamente desconstrói tudo que a gente conhece do personagem. É fácil comprar o drama do protagonista pelo fato de que aos poucos você vai descobrindo que a vida dele é toda uma mentira. O filme consegue te destruir emocionalmente ao mesmo tempo que destrói o personagem. Essa identificação causa um efeito forte no público, que cria uma empatia bem maior com o personagem.


E essa desconstrução só funciona com qualidade porque o drama é moldado através de camadas. As consequências são sempre mais fundas e sempre relacionada com um fato dramático anterior que o filme te apresentou.


Por conta dessas camadas dramáticas, o clima do filme fica totalmente sombrio. E nesse caso, nesse filme, esse tom era necessário. O longa praticamente não tem alívio cômico e vai numa linha de tensão fixa do começo até o fim.


Graças a toda a carga do filme, a gente tem um espaço ótimo para uma violência pesada. O filme todo violento, ela fica mais no terceiro ato, porém... Quando essa parte chega, esse recurso é utilizado sem pena e sem medo. A violência faz parte do Coringa, e nesse filme foi o recurso que ajudou a moldar o personagem, como naturalmente deveria ser.


Já que a gente citou alívio cômico anteriormente, vale fazer uma ponte aqui e abrir um espaço para dar uma dica a vocês: Muita gente estava com medo da dublagem, já que poderia não ficar legal, podiam estragar a dublagem e etc. A gente viu tanto o conteúdo dublado, quanto o legendado e podemos dizer que existe sim um problema na dublagem, mas... Que não é voltado para a risada. Existe um personagem que seria o alívio cômico do filme, e esse carinha, no Brasil, foi dublado por uma personalidade da internet. Eu não tenho nada contra o cidadão que dublou, inclusive adoro o Gigante Leo, mas... Ele te tira do filme. O Leo tirou muito do potencial cômico do personagem e basicamente tirou praticamente o único alívio do filme.


No terceiro ato, o longa nem precisou do alívio, já que última parte do filme foi perfeita naturalmente. Mas o início e o desenvolvimento são bem lentos e por isso faz uma certa falta. O fato é que o timing do filme é ótimo, más... Existe um público mais pop que com certeza pode acabar cansando no meio. Justamente por esse motivo existe esses momentos bem específicos no filme, tanto pra baixar um pouco a tensão, quanto pra tentar deixar esse público que fica um pouco por fora confortável com o trabalho.


Em todo caso, ao mesmo tempo que o filme é bem lento, ele também é bem didático. Como eu já citei, Coringa é totalmente pé no chão, e por isso tudo é explicado. Aliás... MUITO BEM explicado e de maneira bem consistente e didática.


E apesar de ser o Roteiro que tem a principal função de deixar o filme bem contado, o modo como esse trabalho é filmado ajuda MUITO. O Todd Phillips é genial, e consegue construir muitas situações só pelo felling gerado por uma cena. Tem muitas coisas que são mais interpretativas, e isso é justamente graças a assinatura foda do diretor nesse longa.


Além de filmar muito bem, o Todd dirige o trabalho inteiro com uma qualidade digna de indicação a Oscar. Sim meus jovens, visualmente falando, e por toda a construção e fatores concretos do filme, acho que o Todd pode e tem potencial para ganhar uma indicação pela direção desse longa.


E Além do visual, a fotografia do filme também chama atenção. Por conta da tensão durante todo o trabalho e da proposta do filme, uma palheta de cores mais acinzentada foi utilizada. Ainda sim existem cenas muito vivas,  e nesse ponto em potencial o visual desse trabalho é tão incrível que rendeu algumas cenas naturalmente belas.


Ainda Falando do Todd, eu gosto bastante do efeito espelho que ele usa durante o trabalho inteiro. O Phillips recria viárias cenas em contextos diferentes, justamente para ambientar uma certa evolução do Arthur. As vezes esse recurso é utilizado cronologicamente, mas no geral tem um princípio fundamental de usando recursos já entregues na trama, puxar seu tapete em relação a loucura do Arthur.


Nessa de sempre puxar seu tapete, o filme acaba surpreendendo mais do que o esperado. Existia algumas coisas que eram especuladas sobre o filme, mas a maioria delas passaram longe. Uma característica forte do roteiro desse trabalho é que além dele ser ousado, ele também quebra bastante sua expectativa.


Ainda falando do do roteiro, outro ponto chave desse aspecto são as polemicas envolvendo a sociedade atual. Coringa não fica de fora e toca em algumas questões que bate na ferida de muita gente, e que para uma galera pode ser considerado polemico. Acho que a mais evidente de todas, com certeza é a rejeição da sociedade, que nesse filme pode ser reflexo de gatilho, caso seja mal interpretado.


Chegou  a hora Clã. Obviamente jovens, vão aparecer eventuais comparações do Joaquin com o Ledger, e naturalmente a gente não pode ignorar esse tópico. Em partes, eu mantenho a minha opinião da análise trailer, porém; com algumas ressalvas. No meu ver, ambos fazem Coringas ótimos, em filmes com propostas diferentes. O Joaquin, no geral é mais ator, porém... O Ledger vem com uma alma inacreditável em sua atuação. Existe uma cena do terceiro nesse trabalho que está sendo analisado, que a gente pode fazer uma pequena comparação. No meu ver, apesar do Coringa do Joaquin ser INCRÍVEL e ele ter feito uma atuação sublime durante o trabalho inteiro e nessa cena, o Ledger tem um felling a mais ali que toca no fundo. Acho que isso pode ser muito pelo fato dele já ter partido, enfim. No geral o Joaquin é mais ator, porém o Ledger ainda toca mais na alma.


Fechando a análise, muitos de vocês podem se perguntar "Eai? Tem universo Batman nesse filme?". A resposta é: Sim, tem universo Batman. Provavelmente essa história do Coringa vai parar por ai, não teremos uma continuação, mas... Todas as pontas voltadas para o Batman são soltadas e existe sim um universo ali dentro.


O elenco conta com uma galera maravilhosa. O destaque sem duvida vai para o Joaquin Phoenix (ELA), que pela sua interpretação de Coringa, será o meu favorito a ganhar o Oscar. O Robert De Niro (O irlandês) também manda muito bem como Murray Franklin, a Frances Conroy (O nevoeiro) é a Penny Fleck, a Zazie Beetz (Deadpool 2) é a Sophie Dumond, e o Brett Cullen (Batman: O cavaleiro das trevas ressurge) é o Thomas Wayne.

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