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Foto do escritorIury D'avila

Análise Retrô: Orgulho e Preconceito e Zumbis (2016)

Atualizado: 17 de ago. de 2019



Vocês já ouviram falar de um livro chamado "Orgulho e Preconceito"? Escrito por uma moça chamada Jane Austen e publicado em 1813? Sim meus amigos, hoje vamos falar de uma obra que começou lá no século 19 e que é ambientada também nesse período. Mas o filme de hoje não se trata de uma adaptação original, esta mais para uma parodia reprisando os personagens e a trama... porém envolvendo zumbis. Hoje vamos ver como Orgulho e Preconceito e Zumbis reformulou uma obra clássica e transformou ela em uma aventura bem bacana.


O longa que é dirigido por Burr Steers não nega as características do diretor. Ele que tem um histórico de fazer filmes que não se levam a serio, traz nesse trabalho esse tom que beira o absurdo mais consegue ser realista dentro da própria proposta. Os elementos apresentados para criar o universo onde o longa se passa, deixa bem claro o caminho que ele pretende seguir e segue fielmente essa cartilha ate o fim do seu trabalho.


O roteiro por se tratar de uma adaptação não teria tantos mistérios no seu desenvolvimento, mas como o foco era basicamente distorcer situações acrescentando os zumbis, a missão em encaixar um roteiro deve ter sido mais complicada do que o esperado. O resultado foi uma trama bem interessante, muito bem articulada e cheia de respostas criativas, porem com um final previamente previsível. O desejo de esconder o casal principal e deixa-lo ofuscado a trama inteira por outro casal secundário, não foi uma ideia bem executada, pois os protagonistas estavam destinados desde o primeiro contato a ficarem juntos no final. A trama tentou negar esse fato ate o último segundo, porem em momento algum você consegue desacreditar que ele não vão ter o seu momento. A construção de personagens acontece de maneira muito pessoal para cada um deles, o filme não tenta muito se aprofundar pois eventualmente quase TODOS ali terão uma desconstrução completa e o personagem terá uma alteração em seu comportamento para criar e fechar o último ato do longa.


O enredo do filme conta a trama baseada no conteúdo original de Jane, porem desenvolve a história de maneira diferente. O filme mostra que no século 19 uma praga infectou muitos humanos transformando eles em mortos vivos, com isso as pessoas na Inglaterra não estariam mais a salvo quando os mortos resolverem atacar. A família Bennet teve cinco garotas e todas elas foram treinadas em artes marciais com o objetivo de se proteger de ataques zumbis, mas mesmo com suas habilidades, elas ainda eram garotas e mesmo sendo jovens fortes precisavam assumir seu papel de dama e se casarem com algum rapaz. A jovem Jane Bennet é prometida a um dos moços mais ricos da região, Charles Bingley. E sua irmã mais velha, Elizabeth Bennet provavelmente seria a futura esposa de um rapaz chamado Fitzwilliam Darcy, ou apenas Mr. Darcy. Porém Elizabeth desenvolve um certo nojo pelo rapaz por conta do seu jeito egocêntrico e seco em tratar qualquer situação. Mr. Darcy tem seus próprios motivos para ser um cara fechado e sempre focado em matar zumbis, mas demora para Elizabeth perceber isso e a relação dos dois é movida a desentendimentos durante toda a trama.


Se tratando de um filme onde a complexidade da história é maior do que ela poderia apresentar, Orgulho e Preconceito e Zumbis resolve seus dilemas da maneira mais simples possível. Não podemos negar que a trama é completamente fechada nela mesma e consegue fechar todos os seus arcos, porém muitas vezes para isso acontecer eles utilizam saídas superficiais como é o caso do Mr. Darcy que explica seus atos através de uma carta, e muitas vezes tem as já citadas desconstruções de personagens que permitem a alteração do rumo da trama.


A direção utiliza de muitos artifícios que só funcionam justamente porque o longa não se leva a serio. Muitas transições utilizam o fechamento da câmera para fazer a mudança em situações dramáticas e evitar a apresentação de uma cena que seria difícil de mostrar. A violência presente em todo o filme teve seus altos e baixos. O ponto negativo foi que eles esconderam totalmente o lado mais pesado dos massacres a zumbis. Quando arrancam a cabeça, ou dão um tiro muito preciso, normalmente eles mostram só o pescoço em cena rápida e eliminam a cabeça na edição. Por outro lado as cenas de combate são muito bem filmadas, por mais que nessas situações a violência seja poupada, eles tentam dar um certo realismo a cena e sempre que podem deixam o corte para o último segundo.


O elenco do filme conta com uma galera muito boa. Lily James (Em ritmo de fuga) manda muito bem na protagonista Elizabeth. Ela que na trama tenta ser ofuscada em aparência física pela sua irmã mais nova, no final acaba roubando a cena e sendo o destaque em todos os sentido, incluindo na aparência física graças a maquiagem e o figurino que deram um gás nela e ofuscaram um pouco a Jane. Falando na outra irmã relevante, a Belíssima Bella Heathcote (Cinquenta tons mais escuros) faz essa personagem. As outras irmãs, Kitty, Lidia e Mary são interpretadas respectivamente pelas atrizes Suki Waterhouse (Amores canibais), Ellie Bamber (O quebra-nozes e os quatro reinos), e Millie Brady (Rei Arthur: A lenda da espada). Mr. Darcy é interpretado pelo sinistro Sam Riley (Malévola). Douglas Booth (O destino de Júpiter) foi o responsável por dar vida ao Charles Bingley. E fechando o elenco principal, temos ai o personagem mais controverso da trama, o Mr. Wickham interpretado pelo Jack Huston (Ben-Hur). Além desses que são os principais, ainda temos dois atores que merecem um puta destaque. Primeiro o Charles Dance (Game Of Thrones) que SEMPRE esta aparecendo nas análise aqui, pois ele é um ótimo ator e versátil em todos os seus personagens. Nesse trabalho ele faz o papel do pai das cinco garotas, o Mr. Bennet. E fechando a lista, a mulher que rouba a cena todas as vezes que aparece. Ela pode não ser uma atriz excepcional, mas tem uma presença impactante. Lena Headey (Game Of Thrones) brilha demais e mesmo sua personagem tendo altos e baixos, ela mantem o nível e segue ate o fim de suas cenas.


O longa tem seus defeitos, mas com certeza acerta em muita coisa, é um trabalho muito bem produzido, é para fãs de zumbi e filmes de parodias clássicas envolvendo histórias de época, com certeza vai ser uma boa experiencia. Para quem espera ver uma adaptação da obra original da Jane Austen, com certeza vai se decepcionar se esperar ver dilemas morais e um filme com uma pegada mais seria. Dependendo do seu gosto pode ser um bom entretenimento e vale a pena dar uma chance.

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