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Foto do escritorIury D'avila

Análise: 3% (1ª - 3ª Temporada)



Séries Brasileiras estão ganhando cada vez mais espaço nas telinhas. E dentre os principais serviços de Streaming, o que mais abre as portas para conteúdos nacionais, com certeza é a Netflix. Sabendo disso, claramente hoje em dia o catalogo dessa plataforma só está cheio de séries nacionais, pois alguém abriu o caminho para esse sucesso. E aproveitando que a terceira temporada desse trabalho em questão foi lançado a algum tempo atrás, nós estamos aqui para falar um pouco sobre a primeira série brasileira da Netflix. Por isso jovens, se preparem que hoje é dia das três primeiras temporadas de 3%.


Antes de mais nada, eu preciso falar duas coisas a vocês. E a primeira é explicar como vai funcionar nosso texto de hoje: Como a terceira temporada é a que está em mais evidencia, nós iremos focar mais da metade do texto nela. As outras duas, nós iremos citar o básico e apenas ambientar vocês (sem spoiler) para não ficarem totalmente perdidos quando formos falar da terceira temporada.


E a outra coisa que eu queria comentar com vocês, é sobre o processo que levou 3% ate sua existência. O projeto para fazer esse trabalho já rondava na internet a MUITO TEMPO. Existe ate uma especie de conteúdo piloto que tem no youtube, justamente abordando a temática da série. Com a chegada da Netflix no nosso território nacional e a explosão da plataforma no Brasil, logo começou um certo investimento em conteúdos nacionais, e dentre eles, o mais valorizado inicialmente foi 3%. Essa série claramente tinha um potencial bem interessante que foi aproveitada em tela e lançada para o mundo como a primeira série da Netflix totalmente Brasileira.


O enredo nos apresenta um futuro distópico onde a humanidade é dividido em dois grupos. A maioria da civilização vive em um território degradante chamado de Continente, mas quando um jovem atinge a idade de 20 anos, ele tem a chance de passar por um processo onde apenas 3% dos candidatos são selecionados para viver em um lugar altamente tecnológico chamado Maralto.


Uma das coisas que mais chamou a atenção do grande público para 3% foi justamente a sua novidade do Brasil ter uma série assim. O público Brasileiro obviamente já tinha assistido conteúdos nacionais, mas ver isso no formato de série em oito episódios, dentro daquele padrão gringo, com um investimento da Netflix, e sendo uma série de destaque da plataforma, era algo completamente novo que o Brasileiro sentia vontade de ter. Naquela época, muita gente parou para acompanhar 3% e muitos brasileiro acharam aquele trabalho muito bem feito (visto que nosso padrão era bem baixo). Na ocasião, 3% ficou durante um certo tempo sendo a série gringa da Netflix (visto pelo angulo dos americanos) mais assistida no mundo (posição que hoje é ocupada por La Casa de Papel).


A premissa foi outra coisa que também acabou chamado muita atenção. A série apresentava uma galeria de elementos de um futuro distópico do Brasil que reflete muito as classes sociais do nosso país hoje em dia. Mesmo sendo ficção, a proposta da série, além de ser muito interativa na sua primeira temporada, toca numa ferida bem machucada do Brasileiro e acende uma certa luzinha de questionamento sobre esse assunto.


Na primeira temporada tivemos vários pequenos detalhes bem trabalhados que resultaram em uma temporada bem divertida, porém... O maior destaque desse ano vai com certeza para os personagens. O quinteto original é muito bom, cada um com sua particularidade, e os cinco funcionam muito bem. Eu acho que a Michele, por ser a teórica protagonista, acaba não entregando tanto assim, e por isso no decorrer da temporada vai sendo ofuscada por outros personagens que entregam bem mais. Não acho que isso seja um defeito da atriz, mas muito mérito do resto do elenco e também do roteiro que construiu gente bem interessante, ao contrario da Michele que chega ate ser bem sem sal em parte da trama.


Na segunda temporada, que foi lançada em 2018, tem duas coisas principais que impediram a temporada de entregar uma experiencia positiva. A primeira delas é modo como a história foi abordada e como ela desenvolvida. Claramente havia uma ótima premissa para esse segundo ano, claramente eles sabiam onde queriam chegar, e claramente tinham as ferramentas pra isso, mas... O ritmo da série e abordagem acabaram deixando muito a desejar. A temporada fica meio perdida no meio dos episódios, e vai acontecendo muita coisa que é sugerida, não se concretiza oficialmente e  vai sendo enrolada até o fim.


A segunda coisa que atrapalhou muito esse segundo ano de 3% foi a falta de química do casal principal. Minha nossa... Os dois protagonistas não tinham conexão nenhuma e chegava ate ser vergonhoso ver a cena dos dois. Não existia química nenhuma entre os personagens, e ainda sim o casal foi empurrado ate o fim, descendo goela a baixo na garganta dos fãs.


Essa segunda temporada de 3% foi bem desgastante, porém... Pelo menos havia uma ponta que era bem interessante para o próximo ano. A terceira temporada tinha sido sugerida, e em 2019 chegou para tentar renovar essa premissa que a série utilizava.


A primeira coisa que a gente pode falar dessa terceira temporada, é algo que vem na verdade desde o primeiro episodio da série: A má produção. O fato é que 3% é uma série bem interessante, mas que não evolui. Lá em 2017, na primeira temporada, a gente tinha um certo estranhamento, mas era normal, eles estavam testando como seria uma série no Brasil e etc, só que... Já tivemos muitos outros conteúdos nacionais lançados nesse período de tempo, e vários trabalhos, inclusive da Netflix, vem com uma qualidade de produção maravilhosa. O Mecanismo é um belo exemplo disso, onde a gente tem um trabalho muito bem feito e muito bem finalizado. 3% ate melhorou sua direção esse ano, já que tem uns episódios ali no meio que são muito bem filmados, porém... Ainda sim a direção de personagens é bem fraca e o trabalho peca em passar uma sinceridade para o publico.


Em consequência disso, nós temos ai uma trama, que além de ser repetida e bem mal aproveitada, acaba sendo cansativa e tem arcos de personagens que são bem elaborados, mas são jogados fora depois. O roteiro tinha mais uma vez uma premissa boa, porém a execução ficou bem esquisita com a tentativa de recriar algo semelhante ao processo.


Os diálogos dessa terceira temporada na maioria das vezes são escritos seguindo o básico para explicar a história, mas... Tem momentos que os personagens se encontram nesses textos e conseguem entregar muito bem. A joana e o Rafael são os principais exemplos disso. O fato é que os dois personagens são interpretados por atores MUITO bons, porém... As vezes o texto fraco atrapalha a performance, e quando eles recebem algo que realmente é a cara do personagens, o resultado que sai é algo maravilhoso.


Ainda falando em personagens, nesse ano tivemos os dois extremos que exemplificam o que é você entender um personagem. O Marco, assim como muitos outros, é um cara que passou por muita coisa na série, e ele, nessa temporada, é o que mais que entrega o resultado dessa sua jornada. O interprete descobriu o personagem, entendeu quem ele é, entendeu a proposta e esse ano atuou como nunca tinha feito antes nesse trabalho. Na outra ponta temos o Xavier, que era um personagem bem funcional na teoria, mas quando saiu do papel, ficou bem forçado. Claramente o personagem não foi compreendido, e ele ficou exageradamente caricato.


Nessa temporada de 3% teve uma coisa em particular que acabou me incomodando um pouco. O fato é que roteiro tentou criar um plot em cima de alguns elementos importante da trama, mas acabou só entregando um arco sem muita utilidade. Tudo bem que foi tudo bem amarradinho, e isso realmente funcionou... Mas foi algo bem desnecessário, levando em consideração que tivemos muito tempo gasto de tela para dese volver esse arco.


O elenco recorrente das três primeiras temporadas traz um pessoal que possivelmente você já ouviu falar. A Bianca Comparato (Somos tão jovens) é a Michele, o Michel Gomes (Última parada 174), é o Fernando, o Rodolfo Valente (Essas mulheres) é o Rafael, a Vaneza Oliveira (Kairo) é a Joana, o Rafael Lozano (Do lado de fora) é o Marco, o João Miguel (Xingu) é o Ezequiel, a Cynthia Senek (A dona do pedaço) é a Gloria, a Viviane Porto é a Aline, a Laila Garin é a Marcela, o Bruno Fagundes (Meu pedacinho de chão) é o André, o Fernando Rubro é o Xavier, o Léo Belmonte (Carrossel) é o Arthur, a Fernanda Vasconcellos (Eu Sou Brasileiro) é a Laís, e o Sílvio Guindane (É fada) é o Vitor.


Bom jovens, independente do que aconteceu nesta temporada, o fato é que a série deixou um gancho bem claro para o próximo ano. Dessa vez existe um potencial real bem interessante para a quarta temporada, mas... Basta saber se ano que vem tudo vai corresponder bem e eles vão entregar uma boa temporada de 3%.

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