top of page
Foto do escritorIury D'avila

Análise: Amizade Dolorida (1ª Temporada)


Bom jovens, se você está passando ou já passou pela adolescência, com certeza descobriu ou está descobrindo algum desejo interno, alguma vontade meio diferente do comum que desperta certo desejo sexual. Algumas dessas vontades são mais fáceis de serem aceitas pela sociedade, outras nem tanto e por isso os praticantes normalmente são anônimos. À alguns meses atrás a Netflix soltou uma minissérie que conversa justamente sobre esse tema,  quea  cada dia começa a ser mais debatido na nossa sociedade. Por isso jovens, preparem seus chicotes e se acomodem, pois hoje é dia de Amizade Dolorida.


Bom clã, antes de oficialmente darmos inicio a nosso texto, vale alertar que esse trabalho da Netflix é +16, principalmente porque o foco da série é justamente fetiches sexuais. Nessa análise a gente vai utilizar alguns termos desse mundo mais voltado para o BDSM, por isso... Se você não é simpatizante desse mundo fetichista ou tem menos de 16 anos, recomendo você ir ler outras análises que temos aqui no nosso site, inclusive vou deixar aqui o link da análise retrô de Procurando Nemo que é um pouco mais leve para vocês. Dito isso, Lets go, vamos falar de Fetiches.


O enredo dessa série nos apresenta uma moça chamada Tiff, que trabalha como Dominatrix. E quando ela começa a sentir a necessidade de um assistente, é ao seu amigo Pete que ela recorre. Pete então aceita o trabalho por necessidade de dinheiro e agora vai precisar aprender a conviver nesse mundo de fetiches que é algo bem fora da sua zona de conforto.


Cara, a primeira coisa que a gente precisa falar dessa série, é o fato de que esse não é um trabalho vazio, não uma série apenas fetichista, ela tem tem profundidade, e mesmo que seja meio raso, joga questionamentos que quase nenhum produção abordou ate hoje. O fato é que Bonding (Como é chamado originalmente) trata esse mundo dos fetiches com uma sinceridade bem aceitável. Pode ser ate que alguns personagens sejam retratados de maneira bem caricata,  mas a maioria deles consegue entregar bem a essência desse mundo, e você consegue com o tempo ir criando um certo senso de normalidade assistindo o que está sendo imposto em tela.


O que Amizade Dolorida mais entrega nesse sentido é justamente os dilemas, os medos e os preconceitos sobre quem vive nesse mundo. Existe muitos diálogos para ambientar o público mais leigo, porém também existem muitos diálogos para mostrar como realmente é essa profissão e como são os praticantes dos fetiches apresentados. Eu acho que a série solta muito bem para o grande público essa visão da Dominatrix e que seus clientes são pessoas que apenas sentem um desejo, e precisam saciar sem serem julgados.


E essa mensagem só consegue ser eficiente, porque o roteiro consegue, mesmo em poucos episódios e com poucos minutos, evoluir muito bem os personagens. O fato é que essa série é muito fechadinha nela mesmo, com um arco bem centralizado, bem direto e bem redondo. Do começo ao fim você tem uma jornada segura que evolui esses personagens e entregam todo esse arco, mostrando para o grande público um pouco do lado interno desse mundo fetichista.


E uma coisa que corrobora muito para esse bom arco apresentando, é a velocidade de como as coisas vão acontecendo. Por ser uma trama simples e terem poucos episódios para tudo ser apresentado, tudo foi feito sem enrolação e sempre indo direto ao ponto. Amizade Dolorida não é aquele trabalho que fica enrolando para entregar, tudo é rápido e bem eficiente, dando assim uma qualidade grande ao roteiro.


Outra coisa que ajuda muito a série ser bem organizada é a divisão dos episódios. São sete episódios, cada um com 15 minutos em média e todos eles com uma proposta pessoal. A cada episodio a gente tem uma evolução dos personagens, a cada um deles a gente tem um crescimento na trama, tem uma novidade da história, conhece algum fetiche novo ou tem alguma volta muito bem feita. Eu acho muito bem montada essa organização, e foi um dos pontos bem essenciais do trabalho.


Falando agora da protagonista Tiff, a gente já comentou sobre preconceitos, mas nessa personagem em especial, vale se aprofundar em um quesito muito especial que é abordado de maneira bem interessante na série: A insegurança. O fato é que como Dominadona, a Tiff precisa apresentar uma superioridade a seus clientes, mas... Como será que ela lhe da com isso no mundo real? Obviamente muitas dominadoras separam bem o mundo profissional do pessoal, mas... No caso da nossa personagem, ela gosta naturalmente de ter poder e isso, adicionado ao fato que ela tem uma profissão secreta, coloca ela numa posição de risco dentro da sociedade. Durante a série ela vai aprendendo sobre isso, e eu acho muito legal terem dado essa profundidade a personagem, já que é um dilema que pode ser comum pra quem quer entrar nesse mundo ou está começando a entrar.


Além dessa profundidade focada na Tiff, também foi legal pois a gente teve também tempo para conhecer um pouco do Background dela com o Pete. Na verdade durante todos os episódios essa relação vai sendo construída aos poucos, mas existe um momento em que eles são o foco e foi legal o roteiro fechar tudo explicando a trajetória desses dois.


Apesar da nossa análise estar focando bastante na mensagem do BDSM, a verdade é que esse trabalho é um humor, e por isso obviamente precisamos comentar sobre isso. Nesse caso dessa série, o lado cômico fica depositado em vários aspectos separados pela produção. Porém o mais visível é claro as piadas com fetiche. O humor acido que eles usam nessa série conversa bem com a trama e entrega cenas bem divertidas, principalmente envolvendo o Pete.


Mas o humor não fica só no roteiro, a direção também é essencial, já que tem muitas coisas que rolam na tela, tendenciosamente para fazer a gente rir. Muitas vezes essas cenas são filmadas em foco, mas outras vezes usam o plano de fundo para entregar algum momento mais cômico. Além disso, o sexo aqui é tratado ironicamente de uma maneira totalmente bizarra, pois parece que todo mundo tem um desejo bem esquisito. Fora que o roteiro e a direção também aproveitam de maneira bem divertida para contextualizar  dentro desse mundo de gostos, que a homossexualidade, mesmo não sendo um fetiche, entra um pouco dentro desse grupo que ainda é meio julgado pela sociedade.


Fechando nosso texto, vale citar aqui que o visual dos personagens é maravilhoso. A Tiff sempre usa looks incríveis, o Pete tem aquele visual bem tímido dele, mas quando ele entra no mundo do BDSM se renova completamente, os fetichista muitas vezes também estão a caráter, enfim... É muito bem feito o figurino.


O elenco dessa primeira temporada traz uma galera bem divertida. A Zoe Levin (Polo alto) é a Tiff, o Brendan Scannell (Heathers) é o Pete, o Micah Stock (King Kelly) é o Doug, o Matthew Wilkas (Gayby) é o Rolf, o Theo Stockman (Um amor de vizinha) é o Josh, o Kevin Kane (Snatched) é o Charles, e a Stephanie Styles (Fora de série) é a Kate.


Bom jovens, provavelmente a série será oficialmente renovada para a segunda temporada, mas... A gente ainda não pode confirmar com certeza. Em todo caso, se Tiff e companhia voltarem, com certeza nós estaremos aqui para falar mais um pouco de Amizade Dolorida.

0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Commentaires


bottom of page