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Foto do escritorIury D'avila

Análise: Bird Box (2018)

Atualizado: 18 de ago. de 2019



Para acompanhar um filme, uma série, animação ou o que seja, basicamente precisamos de duas coisas que se definem em uma palavra: Audiovisual. Som e imagem são os elementos que compõem os longas e trazem a experiencia ate você. No primeiro semestre desse ano já tivemos um filme que nos privava do áudio, Um lugar silencioso inovou e trouxe um projeto onde os sons eram o elemento surpresa, então veio a Netflix agora e lança Bird Box, um longa onde a visão é o elemento surpresa em um mundo pós apocalíptico. Apesar de Um lugar silencioso ter uma premissa bem diferente de Bird Box, ambos os filmes tem um contexto semelhante e foram produções muito bem planejadas que trouxe um ar inovador para o mundo do cinema em 2018.


Sendo um dos maiores sucessos recentes, o trabalho da Netflix parecia estar destinado realmente a seu grande público. Baseado no romance de Josh Malerman de mesmo nome, Bird Box já tinha seus fãs mesmo antes da confirmação do filme, além disso com um elenco comandado pela Sandra Bullock, com um marketing sutil pós-estreia e carregando uma ótima proposta se tratando da história, Bird box foi sendo movido pelo público ate se tornar esse grande sucesso de dezembro.


O enredo conta a história de Malorie, uma moça que tenta sobreviver junto de duas crianças em um mundo pós-apocalíptico que foi dominado por uma criatura invisível com a habilidade de influenciar pessoas a suicídio quando elas olham para ele. O único jeito de sobreviver agora é usando vendas nos olhos para evitar o risco de ser pego pelo monstro, porém sua missão não é fácil já que agora ela esta sozinha, apenas acompanhada por duas crianças indefesas.


Um ponto muito bem construído dentro da trama é a própria mitologia que eles carregam. Desde o inicio do filme ate a última cena, eles carregam a veracidade e a fidelidade no que é apresentado. A criatura principal do filme é um "Vilão" que tem apenas habilidades indutivas, então todas as situações criadas no roteiro envolvendo o monstro, precisam necessariamente passar apenas por essa característica, e eles acertam a todo momento e não quebram nenhuma regra que já foi estabelecida nesse mundo distópico. Além disso eles brincam com essa situação, criando problemas que não deveriam ocorrer, mas eles resolvem de maneira coerente, muitas vezes utilizando a própria protagonista.


O roteiro segue duas linhas do tempo, uma que acontece no presente e outra cinco anos atras. O filme começa já apresentando o mundo em seu estado atual e depois volta explicando como chegou ate aquela situação. Tudo é muito bem amarrado e com o objetivo de te explicar todo o contexto em que a Malorie esta atualmente. Por isso a análise do roteiro fica muito focada apenas nas cenas do passado, onde realmente todo o terreno da trama é formado. A construção dos personagens é um problema grande e que ocorre frequentemente no filme. As mudanças de personalidade perceptivelmente são muito bem pensadas, porém não bem executadas. É possível realmente ver que era boa a intenção de mudar o pensamento dos personagens após os fatos que ocorrem, mas algumas mudanças ate parecem forçadas e no final ficam sem explicação nenhuma.


O suspense do longa funciona muito bem. Todas as cenas com clímax são muito bem dirigidas e muito criativas. O filme não tem medo de demonstrar seu potencial de surpreender sabendo que pode trazer uma tensão crescente a cada momento receoso que é criado. Essa crescente também auxilia para último clímax do filme, pois como você já esta com a cabeça preparada para uma grande aflição, eles montam esse contexto para trazer a preocupação a tona, pois se não tivesse aquele background de experiencias passadas, o momento alto do terceiro ato seria totalmente indiferente.


O longa também é muito inteligente e sabe brincar com o que tem em mãos. Principalmente no terceiro ato onde realmente tudo é muito bem articulado, eles utilizam o fato da inutilização da visão para criar problemas muito coerentes dentro do contexto do filme. Já o segundo ato explora casualmente muitas necessidades da visão e soluciona essas necessidades de maneira muito criativa. Por mais que o segundo ato tenha seus defeitos, principalmente nas repetições de situações que deixam a trama um pouco previsível,  eles conduzem bem a falta de visão e conseguem extrair muita coisa para dentro da narrativa.


O principal problema de Bird Box é com certeza a direção dos personagens e como eles são tratados dentro da trama. Existe um momento no segundo ato onde a história estava precisando avançar e eles estavam presos a alguns personagens, e utilizaram uma solução ridiculamente obvia para acabar com o problema. Ate esse momento, o enredo corria perfeitamente, a partir dai você começa a perceber pequenas soluções do roteiro que estão ali justamente apenas para empurrar a personagem principal. Por outro lado também existe algumas sacadas muito interessantes, que dão força a ideologia da Malorie e constrói mais do caráter dela.


O elenco é composto pela nossa querida Sandra Bullock (Oito mulheres e um segredo) que traz uma ótima protagonista e manda muito interpretando a Malorie. O Trevante Rhodes (Moonligth) que também manda muito bem na pele do Tom. A Sarah Paulson (Amerian Horror Story) aparece bem na pele da Shannon. O John Malkovich (Ratos e homens) interpreta o Douglas, a Danielle Macdonald (Every Secret Thing) traz a Olympia, a Jacki Weaver (Goldstone) é a Cheryl, o Lil Rel Howery (Corra!) é o Charlie, a Rosa Salazar (Parenthood) é a Lucy, e o Colson Baker (Nerve) é o Felix. Além dos adultos, temos claro as duas crianças, o garoto que é interpretado pelo Julian Edwards e a garota pela Vivien Lyra Blair.


Bird Box é um filme que além de tudo passa uma grande mensagem no seu plot principal. O fim do filme traz para você uma visão diferente daquele mundo distópico, mostra a você um jeito novo de assistir o filme. O longa só é completo por conta de sua mensagem, de seu pano de fundo e da intenção por traz. independente dos pequenos problemas recorrentes, a Susanne Bier entregou o que precisava, e fez um bom trabalho com Bird Box.

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