O universo de Rocky Balboa criado por Sylvester Stallone chegou ao seu último filme com o pugilista sendo o protagonista em 2006... Mas o que pouca gente esperava era que quase 10 anos depois tudo que já tinha sido estabelecido durante 30 anos iria voltar as telonas para dar continuidade a tudo que Rocky fez nos ringues. Creed foi uma grata surpresa para os fãs de Rocky Balboa. Então já que sua continuação esta atualmente no cinema, e ontem fizemos a análise da saga Rocky... Esta na hora de falarmos sobre esse grande filme de boxe da nova geração.
Acho que todo mundo já ouviu falar em Rocky Balboa não é? Um personagem icônico que marcou no minimo três gerações e tem uma das franquias mais marcantes da história do cinema. Stallone arrastou sua criação ate onde conseguiu, e quando não quis mais, resolveu ceder sua franquia para uma nova geração tomar conta dos principais papeis. Creed é muito uma homenagem para o legado dos longas que vieram antes desse na cronologia. Rocky VI já era uma homenagem, mas a diferença é que naquela ocasião o próprio Stallone estava valorizando sua própria obra como se ela ainda não tivesse acabado, mas sim vivo dentro dele. Nesse caso a homenagem vem da nostalgia, vem do fato da era do Balboa ter acabado e agora é um novo ciclo que respeita a sua origem. Creed é um filme da franquia Rocky e não esconde isso, pelo contrario, ele usa todo o seu histórico para impulsionar o lado emocional dos fãs.
A trama conta a história de Adonis Creed, filho do ex-campeão de peso pesado Apollo Creed que mesmo tendo sua rivalidade com Rocky durante algum tempo, morreu em cima do ringue sendo um dos grandes colegas do garanhão italiano. Após descobrir suas origens, Adonis decide entrar no mundo do boxe e pede para Rocky lhe treinar. Mas o maior desafio dele não é nem se tornar um grande lutador, e sim conseguir segurar o peso do sobrenome Creed.
A direção desse filme é feita pelo Ryan Coogler, e como todos os filmes do Rocky tinham sido dirigidos por Stallone, nesse trabalho você consegue perceber uma renovação do que já era clássico. As coreografias de luta, mesmo sendo bem semelhantes aos outros filme do Balboa, nesse caso são filmadas de maneira mais dinâmica com a câmera rodando por dentro do ringue e interagindo mais com os atores. O Ryan também filma muito nas costas dos personagens e movimenta muito bem a câmera durante alguma caminhada ou em planos mais fechados que tenha muito movimento. A trilha sonora é outra marca registrada da direção. O Ryan gosta muito desse tipo de musica mais RAP americano com batidas para criar um clima mais agitado. Você consegue notar muito bem isso em Pantera Negra que foi outro filme que o Coogler dirigiu. Já que falamos em trilha sonora,ela é uma parte bem relevante do filme, pois além de ser muito boa, a trilha participa inteiramente do filme. Tanto que o par do Adonis, a Bianca, ela é cantora e as vezes ate as musicas que a própria Bianca canta conversa com o Adonis e é a partir dai que a relação deles é construída. Além disso tem uma referência ao tema clássico do Rocky que toca durante alguns segundos, apenas para homenagear, infelizmente não tivemos uma sequencia de treinamento, isso foi feito para não registrar uma marca que é do Balboa em outro personagem.
Assim como os filmes do Rocky, o roteiro nesse caso é muito inteligente com diálogos maravilhosos. Esse roteiro se tratando da história não tem cara de ser um filme do Rocky, e isso é muito bom. Por mais que se passem no mesmo universo e interajam, por mais que esse filme possa ser considerado um Rocky 7, é muito bom a saga Creed ter sua própria assinatura. O Coogler não voltou para dirigir Creed 2, mas eu tenho certeza que sua proposta foi respeitada nesse novo trabalho. O que traz Balboa de volta, é totalmente as referências que são frequentes durante todos os três atos e é com certeza um dos pilares do filme. O roteiro é bem escrito, tem sua própria assinatura independente da saga Rocky, é muito bom e principalmente muito fiel aos fatos.
Uma coisa que esse filme faz muito bem é trazer de volta conceitos clássicos da saga Rocky para nosso mundo atual. O choque de gerações é muito interessante e é legal ver a relação de Adonis e Rocky. São dois personagens muito semelhantes e que se entendem. São gerações diferentes que se encontram e se respeitam. O Adonis vê o Rocky como a lenda que ele é, mas além disso vê ele como um mentor por tudo que fez não só no ringue como também na vida pessoal. E o Rocky olha para o garoto como um próprio reflexo do que seria ele mais jovem, ou ate o filho dele se tivesse seguido a carreira de lutador.
O elenco de Creed traz uma galera espetacular. Sylvester Stallone (Rocky) volta como seu papel de Rocky Balboa... Que atualmente é ele mesmo. O Stallone não precisa mais atuar tanto, porém mesmo assim ainda manda bem no seu grande papel. O Michael B. Jordan (Pantera Negra) é simplesmente sensacional. O moleque atua muito e esta muito bem como Adonis Creed. A Tessa Thompson (Thor: Ragnarok) é outra atriz sensacional que esta maravilhosa na pele da Bianca. A Phylicia Rashād (The Cosby Show) interpreta a Mary Anne e o Tony Bellew é quem faz o Ricky Conlan.
O primeiro filme do Creed é uma ótima experiencia para quem gosta de um bom filme, mas é melhor ainda para quem é fã de Rocky Balboa. A sobrecarga de informação sobre os outros filmes é fator fundamental para uma experiencia completa. O filme em certos momentos apresenta uma proposta interessante que consiste em recriar momentos clássicos para uma nova geração. Creed não perde em nenhum momento a sua essência, a todo momento o passado vem a tona e mostra a cara para esse novo elenco que carrega no peito uma responsabilidade enorme. Enfim, indiscutivelmente, independente de tudo, a revelação mais importante desse filme é a descoberta de quem ganhou aquela terceira luta entre Apollo e Rocky... Mas quem venceu você só vai descobrir assistindo Creed.
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