Quem nunca ouviu falar do elefante voador chamado Dumbo? a animação dos anos 40 teve sua adaptação em versão Live Action produzida pela Disney e lançada hoje nos cinemas brasileiros. E com isso, como sempre no dia de estreia, não existe momento melhor para a gente falar desse personagem tão querido por mais de três gerações. Jovens esta na hora de analisar o filme de 2019 do Dumbo.
Não é surpresa para ninguém que a Disney adora fazer regravações dos seus maiores clássicos, normalmente fazendo uma versão não animada. Então esse projeto não é trabalho vindo do nada, o filme do Dumbo é um titulo que vem acompanhado de uma carga de outros longas que fazem o mesmo papel dele. Trabalhar essas adaptações nem sempre é fácil, por isso, quando se tem um acerto, a melhor estrategia é manter a tática... E foi isso que a Disney fez. Tim Burton, conhecido por fazer trabalhos bem lindos e sendo um profissional que já trabalhou dentro de projetos semelhantes, foi o responsável por traz da missão de conduzir Dumbo... E mais uma vez o diretor mandou muito bem.
O roteiro conta a história do elefantinho Dumbo, que após ser colocado no mundo, vira motivo de chacota pelo tamanho das suas orelhas que são totalmente desproporcionais. Como ele nasceu dentro de um circo, a frustração do dono foi evidente, como consequência sua mãe é vendida e Dumbo fica abandonado. A missão dele com a ajuda de garotinhos bem especiais é achar uma maneira de se reunir novamente com sua mãe.
Como eu já afirmei, a direção é um ponto de muito destaque desse filme. O Tim Burton estava trabalhando na sua zona de conforto e sabia muito bem como conduzir o projeto. A firmeza que ele tinha no longa foi transmitida para a tela de várias formas diferentes. A principal delas sendo claro, toda a parte visual que foi um aspecto dominante do trabalho.
A fotografia também remete a essa característica forte da direção. Apesar de ter momentos onde o tom puxa para um lado escuro desnecessário, no geral a fotografia funciona muito bem. As cores são muito fortes, a tonalidade do ambiente é tanto característico da proposta do filme quanto do universo e do período que o longa se passa. A gente também consegue sentir as vezes a ausência de cores, em momento bem específicos (Diferente daquele tom escuro desnecessário), que dessa vez e nessas ocasiões é um atributo que funciona para tirar o filme do seu ponto de normalidade.
Vale também ressaltar nesse aspecto visual o trabalho maravilhoso da direção de arte. Simplesmente essa galera é a alma do filme, pois toda a coordenação e trabalho que eles devem ter tido, não foi pouco coisa. Então merece esse crédito, pois realmente o pessoal mandou muito bem.
O roteiro do filme apesar de muito fiel, tem umas questões que são complicadas de falar pois não envolve somente esse aspecto, tem algumas horas que o problemas veio da parte visual e outros que vieram a animação. A questão é o seguinte: A trama do filme claramente e obrigatoriamente pegou inspirações da animação, ate ai tudo bem, fez o dever de casa. Porém, querendo ou não, para vender o filme, teríamos que ter mais do que só aquela hora de filme do desenho, correto? E o Tim Burton junto com a equipe de roteiro sabiam disso. Como resultado a trama do filme foi dividida em duas partes: A primeira no primeiro ato que conta a história clássica do Dumbo, com conceitos da animação, porém com recursos atualizados. A segunda parte entra no desenvolvimento e no terceiro ato, em que constitui trazer os elementos clássicos da trama, que não tinham sido utilizados do primeiro ato, porém com uma história totalmente nova. Praticamente são dois filmes, um com a história clássica e outro com uma trama pós a história original, que traz várias referencias que não tinha sido aproveitados na primeira hora de filme. E nisso também já era previsível que o plot do voo do Dumbo não seria o grande clímax, esse fato ficava claro pelos trailers, pois tudo lá entregava essa cena. Sendo assim, o grande problema disso tudo fica na montagem. Quando você tem muita coisa para mostrar, ou tem muitos cortes em um mesmo ambiente, as cenas alternam, e isso é normal. Porém exige certo cuidado quando a cena muda, pois não pode ser "seca" a troca, precisa ter algum sentido... E isso não acontece no começo do filme. Lá pelo final esse aspecto é bem mais bem trabalhado, mas no inicio as coisas andam meio separadas e fica ate estranho em certos momentos. E o roteiro é parte disso, pois as cenas se misturam e fica esquisito. Então esse creio que tenha sido o problema do roteiro que resultou numa confusão de cenas no inicio do filme.
Outro ponto do roteiro que eu não funciona é o alivio cômico do personagem do Danny DeVito em todos os aspectos, e a parte dramática na primeira hora do filme. Falando um pouco desse lado mais pesado do longa, na animação você tinha uma parte do enredo sofrido, que era ver o Dumbo distante de sua mãe. Eles tentam recriar esse sentimento no longa, porém isso só vai funcionar lá no fim do filme. Era realmente difícil você conseguir recriar aquela cena novamente, e nisso, aquele sentimento forte, que era o esperado, não foi tão impactante quanto deveria durante boa parte do trabalho.
Falando agora do elenco, todos os personagens relevantes foram muito bem em seus papeis. O Colin Farrell (Animais fantásticos e onde habitam) faz um belo trabalho como Holt, o Danny DeVito (Matilda) esta incrível como Max Medici, o Michael Keaton (Homem-Aranha: De volta ao lar) mais uma vez genial, dessa vez interpretando o Vandemere, a Eva Green (300) é uma deusa maravilhosa, nesse longa ela faz a Colette, a Nico Parker mandou muito bem interpretando a Milly e o Finley Hobbins também esta bem no seu papel de Joe.
Por ultimo tínhamos que falar de duas coisas que são os pontos mais altos do filme: As referencias/adaptações e os efeitos visuais. Começando pelas mudanças, foi tudo muito simétrico e bem organizando para ter o máximo de fidelidade possível. Eles não tentaram reformular cada personagem animal para um humano, fizeram o certo de reciclar momentos e adapta-los. Isso foi muito legal pois assim tivemos cenas clássicas com um aro novo. Alias, esse filme Foi um exemplo de como adaptar uma obra sendo fiel a ela mesma. E fechando análise fica aqui a veneração a galera do CGI, pois simplesmente fizeram o filme atingir um realismo inacreditável. É magico ver ele em tela, realmente foi incrível ver um elefante voar com tanta naturalidade e realismo.
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