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Foto do escritorIury D'avila

Análise: Meu Amigo Enzo (2019)


Hoje chegou aos cinemas a mais nova produção da 20th Century Fox, que mais uma vez apelou para os nossos corações trazendo um longa voltado para o mundo animal, focado em um cachorro. Obviamente nós assistimos esse trabalho, e agora viemos aqui para comentar um pouco dessa grata surpresa. Por isso jovens, chamem seus cachorrinhos e se preparem que hoje é dia de Meu Amigo Enzo.


Então pessoal, antes de começar falar devidamente do filme, vamos comentar de onde veio esse projeto. Meu amigo Enzo é um filme baseado em um best seller de 2008 que foi escrito por um cara chamado Garth Stein. Esse livro foi um sucesso tão estrondoso, que acabou ficando meses na lista dos mais vendidos e se tornou o maior sucesso do escritor. o titulo original dessa obra é "The Art of Racing in the Rain" que aqui no Brasil foi traduzido literalmente para "A arte de correr na chuva". 11 anos depois esse livro ganhou uma versão cinematográfica, recebendo originalmente o mesmo titulo, porém sendo traduzido para o Brasil como "Meu Amigo Enzo". Apesar de ser uma tradução bem tosca que incomoda bastante, esse titulo que foi posto aqui em nossa terra claramente consegue chamar mais atenção e claramente consegue vender mais o filme. Em todo caso, enquanto para o grande público isso não acaba sendo um problema, para os fãs do livro esse titulo é bem decepcionante.


O enredo nos conta a história de um cachorro chamado Enzo, que após ser adotado por um piloto de corrida chamado Denny, descobre que ama os carros e as pistas tanto quanto ama seu dono. Enzo, que era por muito tempo a única família de Denny, vê aos poucos os integrantes aumentando, e agora o que só era um piloto e seu cachorro, teve que ser alterado para se ajustar a nova família.


De tudo que a gente poderia começar a falando, o mais interessante é com certeza comentar a emocionante trama do filme. Apesar do segundo ato do longa ser bem lento e do seu desenvolvimento ser devagar, o grande arco no geral consegue te tocar e te agradar de maneira bem profunda. Esse trabalho é mais que uma história de família, ele tem camadas emocionais que funcionam por conta de uma formula bem estruturada no qual esse filme surfa de maneira bem particular.


O drama desse trabalho é algo bem profundo, mais do que até vários outros filmes de cachorros. Nesse caso a gente não tem só uma relação dono e animal, ou família e animal, aqui existe um misto de emoções que se conversam e colocam seu emocional em cheque dezenas de vezes.


Outra coisa que funciona muito bem nesse roteiro são os arcos dos personagens. O fato é que todos os personagens apresentados tem uma importância clara no roteiro que vai ficando mais visível a cada minuto. Ninguém ali é gratuito, ninguém ali é vazio e todo mundo ali tem uma curva dentro da história. Todos os personagens são aproveitados, e isso é feito de maneira bem natural na história, sem forçar nada. No geral, todos os arcos são bem redondinhos e praticamente todo mundo ali funciona perfeitamente com motivações totalmente aceitáveis.


A narrativa desse filme é feita através da visão do Enzo. É pelo ponto de vista do cachorro que é a história é contada e que os fatos são apresentados. E sobre esse quesito, é importante afirmar que ele foi um acerto incontestável, já que eles conseguiram traduzir muito bem as manias cães em gerais e converteram para sentimentos humanos. Como o Enzo conta a história é uma particularidade incrível do filme, principalmente por conta da simpatia que nós vamos criando com o cachorro. A gente consegue sentir como é o mundo dele, é como tudo do ponto de vista dele, é bem aceitável. Além disso as frases dele são as melhores do filme, e toda vez que ele fala sempre sai uma bela metáfora que muitas vezes é voltada para a corrida, mas que na interpretação certa, pode ser aplicada filosoficamente em qualquer sentido da vida.


Ainda falando nesse mundo visto pela visão do Enzo, é legal sentir também a inocência que ele tem sobre tudo. O Enzo narra a história e aos poucos ele vai aprendendo sobre o mundo, e meio que vai nos ensinando através de suas palavras. E isso fica mais gostoso ainda quando a gente entra mais ainda no mundinho dele e interpreta situações como ele estava interpretando naquele momento. Além disso tudo, o diretor Simon Curtis ainda fez um trabalho lindo filmando várias vezes através do angulo do Enzo, que basicamente nós colocou completamente dentro do personagem.


Uma coisa que eu gosto muito dentro desse projeto são os pequenos detalhes que são colocados tanto no roteiro quanto na ambientação. É legal sempre você prestar atenção em pequenas cenas e em pequenos gestos, pois o próprio filme se referência várias vezes, puxando algum detalhes que foi deixado em outra cena, ou recuperando alguma frase que foi falada anteriormente.


Como todo bom filme de cachorro, você precisa sofrer pelo animal, não é? Meu Amigo Enzo abusa de muitos chicles, mas nesse caso em especifico, parece que foi até proposital. Como o drama geral não é totalmente focado no Enzo, o momento dramático envolvendo ele acabou escalando bem mais, e foi ate angustiante. Psicologicamente falando, o drama do Enzo atingiu uma escala bem dolorosa, já que o dele era uma dor narrada e visivelmente racional. Então assim, o que eu posso dizer é que a gente sofre por muita gente, mas existe um momento especifico do Enzo que aperta nosso peito.


Como vocês sabem, o protagonista desse filme é um piloto e o sonho do Denny é correr na Formula 1. Por conta disso esse longa é cheio de homenagens a essa categoria e também cheio de homenagens a personalidades históricas desse esporte. E a principal referência das pistas, tanto na vida real quanto no filme, é o Ayrton Senna. O piloto Brasileiro era ídolo do escritor original do livro, e claramente essa paixão foi passada o seu personagem, que por conta de sua profissão, se inspira  no piloto. Ayrton Senna é citado várias vezes durante o longa e na maioria das vezes que ele aparece, a nossa lenda está lá segurando a linda bandeira do Brasil.


Visualmente falando, eu gostei bastante dos filtros utilizados nesse longa. Como ele não tem uma fotografia forte, foi legal ver esses tons aplicados, acompanhado muito o clima do filme. Visualmente eu acho que ele agrada e entrega um trabalho bem bonito.


O centro dramático desse trabalho pode ate ser o roteiro, mas a trilha sonora é o brilho de tudo. Com uma Playlist de canções originais bem tocantes e de músicas escolhidas a dedo, tivemos ai um complemento auditivo necessário para o sucesso dramático do filme.


O elenco conta com uma galera bem conhecida pelo grande público. O Milo Ventimiglia (Rocky Balboa) é o Denny, a Amanda Seyfried (Meninas Malvadas) é a Eve, o Andres Joseph (Depois daquela montanha) é o Tony, o Ian Lake (Brace of impact) é o Mike, o Martin Donovan (Homem-Formiga) é o pai da Eve, a Kathy Baker (A Sobrevivente de Oklahoma) é a mãe da Eve e a Ryan Kiera Armstrong é Zoe.


Bom jovens, resumidamente esse longa entregou basicamente o que prometeu nos trailers. A trama não foge muito daquilo que foi apresentado, a história é todo aquele padrão estabelecido e vai assim até o fim. É um trabalho bem agradável, que demora um pouco a engatar, mas tem um terceiro ato bem bonito e por isso vale e pena a experiencia. Então com tudo isso, vá no cinema, compre seu ingresso e se divirta assistindo Meu Amigo Enzo.

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