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Foto do escritorIury D'avila

Análise Retrô: Kill Bill - Vol. 1 (2003)



Um dos maiores cineastas de todos os tempos é um rapaz conhecido como Quentin Tarantino. Esse grande diretor que prometeu se aposentar após seu decimo trabalho rodado, já lançou oficialmente 8 filmes como sendo o único diretor. Um deles é uma produção que foi dividida em duas partes e se tornou um dos maiores sucessos dele. Hoje nos viemos aqui para homenagear a primeira parte desse trabalho e amanhã voltaremos aqui para falar da segunda. Por isso se preparem jovens que hoje é dia de Kill Bill. Vol 1.


Pois é clã, antes de mais nada, como sempre, é hora de vocês ficarem um pouco por dentro dos bastidores do projeto que vai ser analisado hoje. Kill Bill é muito uma parceira entre o Tarantino e a atriz protagonista do longa, a Uma Thurman. O fato é que esses dois trabalharam juntos em Pulp Fiction, e foi lá que surgiu a ideia de criar uma personagem chamada "A noiva", que é principal protagonista de Kill Bill. Como a história desse longa é bem extensa e bem complexa (tipico do Tarantino) esse trabalho, que teve duração de mais de três horas, foi dividido em duas partes, a primeira lançada em 2003 e a segunda foi ao ar no ano seguinte.


O enredo nos apresenta uma personagem chamada "A noiva" que basicamente traça um plano de vingança contra um ex-grupo de assassinos do qual ela fazia parte e que a um tempo atrás tentou mata-lá. A noiva então vai caçando seus atuais inimigos (Ex-amigos) um por um, com o objetivo final de matar seu principal alvo, o Bill.


Quentin Tarantino naturalmente já é um diretor excêntrico e muito talentoso. E essas duas características juntas conseguem entregar um trabalho original que é no minimo interessante. No caso de Kill Bill, a gente consegue ver essa excentricidade do Tarantino na sua essência mais pura, misturado com um pouco de cinema japonês e com muita violência. Nesse trabalho, o Tarantino não poupou o exagero, e usou isso como uma ferramenta para fazer o filme sair dos trilhos deixando assim de ser um trabalho qualquer. Em vários sentidos esse filme é bem mais curioso do que várias outras produções. As lutas são bem filmadas, a violência é bem pesada ,o sangue é exagerado, a trilha é bem caricata, as cores são bem fortes, tudo é feito a partir da premissa de que o público precisa ficar pelo menos chocado.


Falando especificamente do visual agora, o longa usa as cores com uma profundidade bem considerável. Além das cores serem bem fortes aqui, elas são bem vivas e dão aquele tom naturalidade em um trabalho totalmente sanguinário. As vezes o Tarantino resolve jogar um preto e branco, para assim criar uma ilusão retrô ou ate mesmo preparar o terreno para um ambiente mais denso. E isso tudo corrobora com o fato de que o Tarantino sabe ambientar bem as cores para brincar com o visual, pois é justamente esse artificio que dá o tom visual tão marcante desse filme.


Outro aspecto que dá uma particularidade maior a esse trabalho é justamente sua montagem e como a história é contada. Uma das fortes características do Quentin é justamente seu roteiro não-linear. E nesse filme isso é aplicado genialmente juntamente com uma montagem vai mostrando presente e o passado para narrar a história em quadros que não sequentes. O diretor separa esse filme em capítulos e a montagem é muito feita em cima desse aspecto. Num todo, como a trama é contada por um visão narrativa, esse particularidade funciona muito bem.


Eu já comentei aqui que o Tarantino usa muitas vezes o preto e branco em mais de uma situação no filme, mas não é só com isso com isso que ele brinca nesse trabalho não. O diretor mistura vários recursos visuais para ambientar e destacar de formas variadas os personagens na história. Cada personagem apresentado recebe uma postura diferente do diretor, e assim visualmente você consegue entender melhor cada pessoa em tela. A criatividade é tão bem usada nesse sentido, que em um momento focado no cinema japonês, animações são utilizadas para representar tal cena.


Falando exclusivamente agora dos personagens, nesse trabalho, todo mundo é bem caricato. Na segunda parte (que nós vamos comentar amanhã) a galera é bem mais forte nesse sentido, porém nesse primeiro volume, todo mundo também é bem dirigido com esse fundamento caricato, e assim como o filme no geral, todos os personagens são bem exagerados no sentido mais surreal possível. Contudo, todo mundo ali é bem interessante, todo mundo ali tem suas próprias características evolutivas e dramáticas, que dinamicamente funcionam em tela.


Na minha opinião existem três coisas que formam o coração desse projeto. A primeira delas são as lutas. As cenas de combate de Kill Bill são um show a parte. Fora a chuva de sangue e os decapitamentos que rolam, o fato é que tudo é muito bem filmado visando uma certa "parodia" de filmes de luta oriental. As vezes as cenas ficam realmente mal acabadas, porém aquilo é proposital para tentar fazer umas lutas mais escrachadas mesmo. Só que quando se precisa de algo mais dinâmico, as coisas fluem com o talento do Quentin e as lutas são genialmente transmitidas para a tela.


O segundo aspecto que pra mim funciona como coração desse filme é toda a parte sonora. Tanto a trilha bem fora da caixinha, quanto os efeitos sonoros vindos de filmes orientais e a edição de som belíssima, entregam para o público uma peculiar experiencia auditiva vindo desse trabalho.


E finalizando, para mim o centro do coração desse projeto com certeza é a história bem amarrada e os arcos bem coordenados. O fato é que Kill Bill só funciona se seus dois volumes forem assistidos em conjunto. Kill Bill Vol. 1 ate entrega um final interessante, porém invalido sem sua continuação. Mas falando exclusivamente do primeiro volume, nesse caso a gente caminha por um terreno bem mais fechado, bem mais focado na jornada da protagonista que na explicação de o porque tudo aquilo está acontecendo. Essa primeira parte da história serve para deixar uma pulga atrás da orelha, para só no volume 2 a gente ser apresentado a solução dramática dessa história que fecha seu arco gigante totalmente redondinho.


O elenco desse primeiro volume conta com uma galera bem clássica. A Uma Thurman (Pulp Fiction) é a Noiva, a Lucy Liu (As panteras) é a O-ren, a Daryl Hannah (Blade Runner) é a Ellen Driver, a Vivica A. Fox (Independence day) é a Vernita, a Chiaki Kuriyama (Azumi 2) é a Gogo, e o Sonny Chiba (The Street Fighter) é o Hattori Hanzo.


Bom jovens, Kill Bill não acabou aqui no Sessão Cinema. Por serem dois volumes, resolvemos falar do primeiro hoje e do segundo amanhã. Sei que eles se completam, por isso normalmente são analisados juntos, porém cada um tem suas particularidades e por isso fiquem ligados que amanhã a gente volta para falar de Kill Bill Vol. 2

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