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Foto do escritorIury D'avila

Análise Retrô: O Doutrinador (2018)


Filmes baseados em HQ's de super-heróis são um fenômeno no mundo inteiro e frequentemente surge um longa nas telonas que traz esse tipo de conteúdo. Normalmente essas produções tem base americanas... E algumas japonesas, mas no geral são personagens vindo dos EUA. No Brasil durante nossa nossa história não tivemos um grande titulo que se assemelhasse com esse tipo produto dos gringos... Porém ano passado isso mudou. Baseado em um quadrinho nacional, um herói brasileiro ganhou sua versão no cinema, e hoje nos viemos aqui em uma análise retrô falar sobre esse cara. Por isso jovens, se acomodem que hoje é dia de O Doutrinador.


Bom jovens, como já foi dito, esse longa é baseado em uma HQ nacional feita por um quadrinista chamado Luciano Cunha. Basicamente ele criou um personagem que correspondesse aos problemas do Brasil. O Doutrinador é um personagem que corre na corrente contraria da corrupção, e vai atrás de principalmente políticos corruptos. Essa essência foi mantida e foi dessa base que veio a versão cinematográfica.


O roteiro desse longa apresenta um policial chamado Miguel, que após o falecimento de sua filha indiretamente por conta da roubalheira do dinheiro no país, decide vingar a morte de sua garotinha indo atrás de que mais rouba o dinheiro da população. Com isso em mente ele acaba se tornando um vigilante que irá fazer de tudo para limpar o Brasil dos corruptos.


A primeira coisa que a gente precisa falar desse trabalho é sobre as inspirações que ele carrega. Apesar de ter uma área especifica para se explorar, no caso os quadrinhos; o doutrinador bebe muito na fonte de vários outros super-heróis e de filmes da cultura POP. Seja por homenagem ou simplesmente clichê de herói, esse filme segue bem uma trilha padrão que esses trabalhos costumam caminhar. Além disso, existe easter eggs que são bem claros voltados para outros longas bem famosos da história do cinema. O fato é que  O doutrinador respeita muito de onde ele veio, e carrega bem essa bagagem, e traduzindo muitas coisas que nós já conhecemos para uma linguagem mais nacional.


Já que falamos em linguagem nacional, é bom relembra que esse trabalho, apesar de ser uma produção bem fora da caixinha comparado ao que a gente costuma produzir, ele no final ainda acaba carregando toda aquela assinatura brasileira. Existe séries e filmes que são bem particulares, que são brasileiros, mas que levam uma assinatura universal... No caso de O Doutrinador, a nossa cultura, em vários aspectos do filme, é visto da maneira mais crua possível. Ele é um filme com a cara do Brasil, e querendo ou não, esse foi um dos primeiros passos para gente entregar para o mundo um conteúdo mais POP totalmente nacional e com muita qualidade.


Antes de continuarmos, vale ressaltar que todas as comparações que nós iremos fazer daqui para a frente são focadas no cinema MUNDIAL. Visto que comparado a filmes nacionais, muito do que a gente vai falar aqui se sobressai de qualquer outro trabalho de dentro do nosso pais. Porem vendo a proporção mundial, o Doutrinador tem alguns problemas (e também qualidades) que a gente vai citar aqui.


Para se fazer um filme de herói, justiceiro, ou o que seja, é importante ter em mente que existe muitos gastos para se fazer esse trabalho. O orçamento desse longa ficou em torno de 14 milhões, e por mais que seja uma quantia considerável para um filme do Brasil, para fazer o que eles planejavam, era uma missão bem complicada. E por isso, eu creio que o diretor se rebolou para entregar tudo perfeito. Tem coisas ali que claramente foram feitas de maneira improvisada, pois não tinha como filmar do modo mais eficiente possível. E esse orçamento foi enxuto para o filme, pois os produtores sabiam que não era garantia nenhuma de retorno esse longa do Doutrinador... Tanto que no final ele só rendeu 8 milhões de reais.


A direção foi feita por um cara chamado Gustavo Bonafé, e como já deixado subentendido aqui... Ele se inspira muito em outros filmes de super-heróis. O Bonafé ate filma legal, mas eu acho que ele tem um problema em dirigir os personagens. Eu não gosto de como ele trata uma galera, de como ele controla o time dos diálogos e também não curto a montagem. Apesar desse último aspecto ter sido indicado a premiações, no meu ver, ele falha quando tenta ousar demais em certas sequencias do trabalho.


O visual do longa é bem bonito, e eu particularmente gosto bastante dessa parte artística. A maquiagem é bem ótima, os figurinos são sensacionais, e no geral a galera da arte realmente mandou muito bem.


O roteiro tem duas particularidades que na minha opinião são bem escritos. A primeira é a da trama geral, que apesar de ter alguns clichês, funciona bem, monta a jornada do herói, segue a trilha padrão e entrega um longa interessante. A segunda é os arcos pessoais de cada personagens, que na minha opinião são muito bem trabalhados. Apesar de eu não curtir a direção dos personagens, eu gosto muito de como eles são desenvolvidos dramaticamente e gosto de ver também que as motivações deles funcionam. Todo mundo ali tem um argumento bem valido e a gente aceita fácil a ideia deles.


Os antagonistas desse trabalho são totalmente problemáticos. Ele são meio robóticos, e as motivações parecem ter sido programadas para um vídeo game. Basicamente eles carregam todos os clichês de vilões. Esses antagonistas são caras que não são tão bem trabalhados e só servem basicamente para dar algum argumento a nosso herói.


O elenco conta com um pessoal exclusivamente nacional, que consegue entregar um trabalho bem aceitável. O Kiko Pissolato (Duelo) está ótimo como Miguel, a Tainá Medina (A alegria) é a Nina, o Samuel de Assis (Mal me quer) é o Edu, e a Natália Lage (A grande família) complementa aquele elenco regular sendo a Isabela.


Bom jovens, o Doutrinador é mais um produto nacional que veio forte no mercado para ajudar a mudar esse padrão de filmes brasileiros que normalmente produzem mais comedia e tramas policiais. Junto com 3%, O Mecanismo e outras produções, a gente está se expandindo no mercado e quem sabe, logo mais o nosso cinema e nossa TV serão mais valorizado com filmes e series que consigam bater de frente com Blockbusters... Ou ate mesmo termos nosso próprio titulo grandioso no mercado mundial.

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