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Foto do escritorIury D'avila

Análise Retrô: O Jardim Secreto (1993)

Atualizado: 18 de ago. de 2019



A década de 90 foi berço para grandes clássicos do cinema. Muitos títulos se desvirtuaram do seu ano de lançamento e foram eternizados para toda a história. Muitos desses saíram do papel como trabalhos grandiosos que só de citar seu nome, o corpo já se empolga. No caso de hoje vamos falar de um trabalho que fez sucesso justamente por trazer uma mensagem mais básica, hoje vamos falar de mais uma obra adaptada, O jardim secreto vem com toda sua perspicácia ser nosso protagonista hoje.


Trazer um longa que conta uma história literária por muitas vezes pode ser um trabalho árduo, e trazer um filme baseado em um conto pode ser uma experiencia bem complicada. O trabalho que claramente precisou ser feito da maneira mais caseira possível, tratou todo o seu filme em cima de um pilar chamado empatia. O longa não se prende a pequenos detalhes de enredo, de direção, de acabamento, e coisas mais gráficas. A simpatia com os personagens, com a trama em si e muito com a mensagem que eles querem passar é o que segura e leva o peso da produção nas costas.


O enredo conta a história da garotinha Mary Lennox, que é uma jovem residente da índia onde partilha uma vida no minimo luxuosa. Após um terremoto, seu pais são mortos e ela é enviada para morar com seu tio em uma mansão. Lá ela descobre que existe vários segredos que os empregados guardam a sete chaves, o principal deles é a informação que seu tio, Lord Archibald Craven, tem um filho que vive todo o tempo acamado e que se chama Colin Craven. Além disso existe um Jardim secreto aos arredores da mansão onde a entrada é proibida, mas por ser uma menina bem curiosa, Mary descobre onde a chave esta escondida e vai lá desvendar o que mais de interessante existe naquela parte do terreno.


O filme foi dirigido por uma moça chamada Agnieszka Holland, e ela particularmente apresentou um tipo de direção onde o foco era sempre mirar no certo. O filme não ousa fazer cenas fora da caixinha em nenhum momento, segue a cartilha básica e vai com ela ate o fim. Algumas vezes é possível perceber um contraste de personalidades e ela usa o ambiente para explorar isso, mas são casos onde toda a encenação permite tal ação.


O longa por mais que não apresente muitas novidades e tenha uma parte técnica fraca, o lado artístico do filme faz finalmente o trabalho brilhar. Como já citei a empatia é o pilar que segura o filme, e essa zona segura é aproveitada perfeitamente durante toda a produção. Toda a ambientação no segundo e terceiro ato é quase sempre voltada para cenas onde mostram os garotos principais em situações confortantes, ou se libertando das complicações reveladas no inicio do filme. O objetivo no final é deixar claro que todos os problemas envolvendo os garotos foram resolvidos é que eles finalmente podem curtir sem preocupação.


O elenco contava com a pequena Kate Maberly (Em busca da terra do nunca) fazendo muito bem e trazendo perfeitamente a protagonista Mary Lennox. Heydon Prowse foi outro ator mirim do filme, porém que infelizmente não entregou uma performance tão convincente fazendo o Colin Craven e deixou a desejar em muitas situações. E fechando o elenco infantil temos o Andrew Knott que interpretou de maneira sutil o Dickon. A veterana e sensacional Maggie Smith (Harry Potter) fez incrivelmente Sra. Medlock. A Laura Crossley (Coronation Street) foi inconsistente fazendo a Martha, mas em boa parte da trama conseguiu se manter bem. E finalizando o elenco principal temos o grandioso John Lynch (The Fall) que mostrou mais uma vez seu potencial fazendo o pai do Colin, o Lord Archibald Craven.


O jardim secreto erra em várias coisas durante seu desenvolvimento e arranja muita coisa desnecessária. Houve ate um momento em que eles tentaram introduzir um "Triangulo amoroso" com as crianças da trama. O filme se perde de vez em quando principalmente por não ter certeza de qual era objetivo central. Quando eles definiram lá pelo final do segundo ato qual era a mensagem por traz, ai tudo começou a decorrer de maneira precisa e finalmente se esclareceu algumas coisas que ate aquele momento não tinham tanto significado. Quando você entende que o filme quer apenas te passar uma mensagem de simplicidade, de felicidade, de que as vezes o pouco pode ser muito, e nota que o filme não quer te empolgar, não quer te tirar do chão e sim apenas te conduzir a um conto de fadas onde o exagero é esperar ele vá exagerar... Ai você recebe a mensagem e distingue o que foi acerto e você pensou que era encheção de barriga, e o que realmente foi desnecessário.

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