E se do nada uma parte da população sumisse? E se do nada a pessoa do seu lado desaparecesse? E se 2% das pessoas do mundo fossem embora de repente? Esse assunto que esta bem em alta nos últimos meses é simplesmente o foco de uma das séries mais memoráveis da HBO. The Leftovers te mostra e traduz o sentimentos humano pós um acontecimento dessa magnitude e te dá ate explicações aprofundadas sobre o evento. Hoje então viemos aqui com essa premissa em mente, tentar abordar e comentar um pouco sobre essa produção maravilhosa.
Bom jovens, é inegável falar sobre sumiço repentino de pessoas sem associar esse fato a algum ato divino, consequentemente religioso. Provavelmente quando a ideia de produzir essa série entrou em pauta, deve ter havido alguma discussão sobre esse assunto, já que no mundo real, teoricamente essa séria a explicação mais aceita. A questão é que The Leftovers (teoricamente) não quer envolver explicações sobre o que aconteceu, a proposta inicial é somente entender as reações humanas sobre o ocorrido. Obviamente a religião é presente na série, em algumas temporadas com mais destaque do que outras, mas inicialmente ela só serve para ser usada como sendo uma das consequências.
A trama desse trabalho acompanha a história de moradores de uma cidade conhecida como Mapleton que precisam seguir sua vida após uma parte da população da cidade e do mundo, ter sumido repentinamente no dia 14 de outubro.
A primeira temporada da série basicamente é um resumo do que eu falei envolvendo as reações humanas. O primeiro ano de The Loftovers é o mais pé no chão, é a representação literal do que a gente espera quando lê alguma coisa que envolva o tema abordado. Basicamente você tem pessoas comuns, tentando voltar a sua vida normal após passarem por um trauma terrível. O nosso protagonista aqui é um chefe da policia de Mapleton conhecido como Kevin Garvey, ele tem uma filha Jill e um garoto chamado Tom. Também temos na cidade uma moça chamada Nora Durst que perdeu os dois filhos e o marido em 14 de outubro, e ela é irmã de um reverendo chamado Matt. O que é legal nessa temporada é que você consegue distinguir esse mundo como não sendo real, mas também como não sendo fictício, e sim utópico. É bem plausível e coerente as decisões que os personagens em destaque nesse inicio de série tomaram após 14 de outubro. Tudo é baseado no sentimento humano e os arcos sempre giram em torno de percas em vários sentidos diferentes. A ex-esposa de Kevin, Laurie é o melhor exemplo dessa reação dentro da trama, no caso ela se juntou a um grupo chamado "Remanescente culpados" que é uma religião criada pós desparecimento. Outra coisa muito legal que The Leftovers apresenta na sua primeira temporada e evolui a cada nova season, é a linguagem metafórica que a série carrega. Na maioria das vezes os roteiristas usam esses artifícios nos diálogos, porém existe algumas situações em que o contexto metafórico precisa ser compreendido para ter um entendimento melhor da cena em questão.
O segundo ano da série veio ao ar em 2015, e dessa vez o foco não era mais entender as reações dos personagens e sim explorar o lado mais fictício desse evento que ocorreu em 14 de outubro. Nessa nova temporada, Kevin, Nora, Matt, Laurie, Jill, todo mundo envolvido ativamente na trama viajam para uma cidade chamada Miracle, onde nenhum habitante sumiu. Lá eles conhecem a família Murphy, que junto dos personagens envolvidos com a família Garvey serão os protagonistas em polos reversos dessa temporada. No caso desse segundo ano, a gente já não tem mais um universo 100% realista, fatos mais fantasiosos começam a acontecer, e ai você percebe que 14 de outubro não foi exatamente um evento único e que vários acontecimento divinos ainda poderiam acontecer. A temporada dois, além de ter um arco um pouco mais complexo que o seu antecessor, ainda assume na série a função de apresentas vários elementos que serão responsáveis pelo fechamento da história na terceira temporada. Essa trama serviu para expandir e englobar mais ainda essa visão divina do que aconteceu naquele mundo utópico.
Em 2017, tivemos a terceira temporada, que desde os trailers prometia ser a mais grandiosa de todas as três. Dessa vez o conceito religioso não fica sendo apenas uma consequência, ele se torna o agente motivador de tudo. Essa temporada finalmente traz alguma força superior como sendo o centro da trama. Como eu já afirmei, a season 2 serviu muito para assentar o terreno e preparar a série para essa terceira temporada, e o que foi entregue é exatamente a culminação de todos os elementos grandiosos que esse projeto tinha carregado por duas linhas narrativas diferentes em dois anos diferentes. Basicamente você tem a religião como centro, mas as metáforas são as mais complexas das temporadas anteriores, os desaparecimentos são abordados de maneira mais frequente que no segundo ano, o fictício se torna algo comum na série e os personagens principais assumem posturas devidamente proporcionais ao que o enredo "destina" para eles dentro do contexto da terceira temporada. Nesse caso em especifico, diferentemente dos dois primeiros anos, a gente não teve uma variedade de personagens girando em torno dos principais arcos, nesse caso o elenco principal foi reduzido consideravelmente, e muitos personagens foram praticamente descartados. Por um lado é complicado você aceitar que uma galera que estava ali desde o primeiro ano foi esquecido repentinamente, por outro lado você entende não tinha como encaixar esse pessoal nesse novo contexto mais divino que a série assumiu. Então concluímos com isso que esse terceiro ano foi em uma direção com o único e exclusivo objetivo era de entregar uma temporada completamente conclusiva para seus protagonistas.
Uma coisa muito legal que The Leftovers nunca deixou de fazer foi conduzir bem os arcos dos seus principais personagens. Eu sempre achei que a jornada do trio principal (Kevin, Nora e Matt) foi muito bem resolvida. Acho que eles souberam criar e evoluir cada arco, conduzir bem cada personagens para finaliza-los com decência. Os outros personagens recorrentes tiveram arcos também muito interessante, mas não com tanta perfeição quanto esses três, por isso vale o destaque para o trio principal.
Outra coisa sensacional dessa produção é a trilha sonora. Desde instrumentais com tom religiosos ate musicas mega populares, tudo é muito bem encaixado dentro da série. A parte musical é sem duvida a alma dessa produção.
O elenco traz um pessoal que particularmente eu gosto bastante. O Justin Theroux (Maniac) faz um sensacional Kevin Garvey, a Carrie Coon (Fargo) é a Nora Durst, o Christopher Eccleston (Thor: O mundo sombrio) é o Matt, a Amy Brenneman (Private Praticte) é a Laurie, a Margaret Qualley (Death Note) é a Jill, o Chris Zylka (O Circulo Secreto) é o Tom, a Liv Tyler (O incrível Hulk) é a Meg, a Ann Dowd (O conto de Aia) é a Patti, o Kevin Carroll (Sacred Lies) é John Murphy, o Jovan Adepo (Jack Ryan) é o Michael, o Scott Glenn (O silêncio dos inocentes) é o pai do Kevin, a grande Regina King (The Big Bang Theory) é a Erika, o Michael Gaston (O mentalista) é o Dean e a Emily Meade (Nerve) é a Aimme.
Pois é meus jovens, The Loftovers é com certeza uma das melhores séries da HBO, não só pela sua produção, mas também pela premissa, pelo elenco, pela trilha sonora maravilhosa e pela construção incrível de seus personagens. Depois de acompanharem a série, independente de qualquer coisa agora vocês já sabem... Se por acaso metade da população desaparecer, fique longe de pessoas de branco.
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