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Foto do escritorIury D'avila

Análise - Black Mirror: Bandersnatch (2018)

Atualizado: 19 de ago. de 2019



Black Mirror é com todas certeza uma das séries mais comentada dos últimos anos. A proposta de apresentar realidades utópicas onde a relação da maquina com o ser humano pode causar fins catastróficos, trouxe um conceito reflexivo muito pessoal que assumiu um nicho especifico onde se tornou um nome relevante entre as grandes produções atuais. Esse sucesso veio muito depois que a série foi comprada pela Netflix, onde teve seu nome elevado e recebeu muito investimento para seguir com seus episódios. Com a nova ferramenta "Interativa" que o serviço de Streaming vem testando a um tempo, eles viram com a chegada de uma próxima temporada de Black Mirror, a chance de lançar um projeto mais ousado tanto pra divulgar seu serviço quanto pra aumentar o nome da série. Hoje vamos ver o resultado dessa mistura e entender um pouco sobre esse filme evento que é com certeza um dos mais importantes da Netflix.


Para fazer a análise de hoje, inicialmente precisamos entender um pouco dos conceitos que formam esse filme. Para quem não conhece Black Mirror, uma leve explicação seria dizer que a série busca em cada episodio apresentar uma tecnologia diferente onde os humanos acabam descobrindo que aquele equipamento não é tão benéfico quanto os outros acham que são. Cada temporada tem em média de três a seis episódios e cada episodio apresenta um enredo totalmente novo. Como esse conceito de utilizar a tecnologia em sua pior versão, o objetivo era fazer um jogo colocando esse filme como se fosse um evento real onde a tecnologia dessa vez fosse controlada por nós. Através da interatividade, tomando decisões pelo protagonista, a gente decide o futuro do jovem e vai seguindo com a trama ate um dos cinco (Principais) finais possíveis.


Tratar do enredo desse filme (Que não faz parte da quinta temporada da série) é algo muito delicado, principalmente pelas opções que fazem você não só definir o futuro do personagem, mas meio que escrever o roteiro conforme o seu gosto. No primeiro ato e em boa parte do segundo (É difícil se localizar no meio da trama) as suas decisões praticamente são simbólicas. Uma ou outra realmente importa e define mesmo o futuro da narrativa, mas a maioria é banal e independente de sua escolha, o resultado será o mesmo. A partir de certo ponto você realmente começa a fazer escolhas mais pesadas que vão levando a os trilhos finais da história. Por mais que pareça durante MUITAS DECISÕES que você pode "Construir" uma trama mais articulada, os atos sempre cruzarão com algum outro no futuro e eventualmente você terá que refazer uma escolha que não queria.


A história claramente tem o caminho desejado, tem sua principal narrativa definida, e isso fica bem claro durante quase todo tempo. Muitas decisões claramente são chamativas para a maioria das pessoas, mas isso pode ter sido uma armadilha do diretor justamente para puxar o lado mais curioso dos telespectadores. Porém essas decisões mais forçadas normalmente não levam a lugar nenhum e eventualmente você precisará escolher o caminho para um dos finais.


O sistema de escolha pode ser pré-definido em certos momentos, mas também tem sacadas muitos espertas. Quando a série realmente começa a caminhar de maneira mais ousada e arrisca opções mais criativas, ai você percebe o potencial dessa ferramenta. Tem muitos momentos empolgantes, principalmente no terceiro ato, tem muitas ideias bem elaboradas que só não foram mais presentes com certeza por um certo receio e falta experiencia que a Netflix tem com essa ferramenta de interatividade. Bandersnatch é a apresentação mais ousada que a empresa fez, depois de ter feito alguns testes em projetos menores, porém ainda sim eles trataram isso tudo como um projeto a ser avaliado e nos outros que virão futuramente, com certeza haverá melhorias e evoluções do que foi apresentado aqui.


Falando um pouco da direção, ela tem certos tópicos que definem muito bem seus altos e baixos. Ate o momento em que o drama e a bela fotografia retrô são o foco da trama, tudo corre bem, porém quando eles querem ousar ou ir para alguma ação mais pesada, a coisa começa a desandar um pouco. Além disso as aparições das telas de escolha são momentos bem peculiares que lembra demais as cutscene de vídeo-games, principalmente de jogos de luta onde o personagem se prepara para um combate após um dialogo. Não existe carregamento nenhum, é tudo praticamente automático e bem liso. As vezes algumas decisões geram uns cortes de cenas grotescos, mas que não é notável se você tiver apenas se divertindo com a história.


O elenco ate que legalzinho apresenta um problema com o protagonista que (Creio eu) Black Mirror nunca teve em episódios da série. O Fionn Whitehead (Dunkirk) teve bons momentos, alguns ate me surpreenderam, mas boa parte do trabalho não me agradou. Ele Não sentia a segurança no personagem e muitas vezes em decisões ele precisava fazer mudanças complicadas em que não acertava o tom do Stefan. A atuação ficou um pouco a desejar e realmente foi um dos protagonistas mais fracos ate hoje. Já o Will Poulter (Maze Runner) estava muito bem no papel do Colin e convenceu bem com seu discurso. Também temos no projeto o Asim Chaudhry (Peter and Wendy) que faz o Mohan Tucker, a Alice Lowe que interpreta a Dra. Haynes e o Craig Parkinson (Control) que está como o pai do Stefan, peter.


Bandersnatch é bem mais uma experiencia empolgante do que relevante. Você precisa acompanhar o projeto com a mente apenas na diversão e ignorando muitas escolhas que fazem a trama ficar sem sentido. É realmente uma boa novidade que empolga em alguns momentos. Usar Black Mirror para esse tipo de projeto foi uma escolha muito inteligente e que com a proposta da narrativa tivemos uma imersão muito real na trama. As dezenas de referencias e a quebra da quarta parede foram elementos cruciais que moldaram esse evento e trouxeram para o público um gostinho mais próximo do que seria o verdadeiro Black Mirror.

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