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Foto do escritorIury D'avila

Análise: Creed II (2019)

Atualizado: 20 de ago. de 2019



Desde da última segunda nós estamos aqui preparando vocês para uma das grandes estreias de janeiro, Creed II. O longa que estreou na última quinta é a sequencia do primeiro Creed, filme esse que nos que analisamos ontem e se passa no mesmo universo da saga Rocky, essa série de filmes que analisamos na segunda-feira. Depois de todo esse histórico sobre boxe. Hoje viemos finalmente falar desse longa tão esperado, chegou a hora de Creed II.


Bom jovens, para quem não viu as outras duas análises, é importante estar bem ambientado sobre esse universo que totaliza oito filmes. Por isso veja a análise da Saga Rocky e a análise do primeiro Creed para ter uma experiencia mais completa tanto do filme quanto da análise. Por mais que seja uma continuação, esse segundo filme funciona muito bem individualmente e não exige que você tenha uma bagagem nem dos filmes do Rocky nem do seu antecessor. É uma experiencia bem mais EMOCIONANTE (Essa é a palavra que define melhor o filme para os fãs) ter o conhecimento prévio da saga, porém se você não conhece nada sobre Rocky Balboa, o filme naturalmente te ajuda a se sentir confortável.


A trama conta a história de Adonis Creed, o filho do grande pugilista Apollo Creed que foi morto em 1985 dentro de um ringue em uma luta contra um boxeador russo chamado Ivan Drago. Após Drago perder a luta seguinte para Rocky Balboa no mesmo ano, ele perdeu os respeito do seu povo e ficou vagando após o fim da união soviética. Atualmente seu filho Viktor Drago é um grande pugilista na Ucrânia, e quando vê Adonis em seu auge, resolve lhe fazer um desafio que colocaria Creed X Drago dentro dos ringues mais uma vez trinta anos depois.


Começando falar da direção, nessa sequencia o filme não é mais liderado pelo Ryan Coogler como aconteceu no primeiro. A função dessa vez caiu nas mãos do Steven Caple Jr. E como eu afirmei ontem, antes de ter visto o longa, era provável que o Caple fosse tentar manter um pouco da assinatura que o Coogler colocou nessa franquia...  E realmente ele respeita bastante muita coisa do primeiro filme, porém fazendo tudo com a sua cara. O Ryan filmou bastante com  a câmera nas costas dos personagens no primeiro Creed, já nesse novo trabalho o Steven Caple teve o costume de começar filmando por traz, mas ir girando ao redor do personagem ate fixar no angulo que favorece seu trabalho. Boa parte das cenas aqui são filmadas de lado, com câmeras bem posicionadas, normalmente de longe. Houve também muito a utilização do plano holandês, onde ele colocava a câmera na diagonal, ou ate mesmo na primeira luta onde ele filma o começo por baixo, enfim, o Caple trouxe sua própria assinatura de forma sutil respeitando muito o que o público já conhecia do filme anterior. A principal característica do diretor nesse trabalho foi com certeza as filmagens com câmera lenta. Esse artificio é muito utilizado e aparece em quase todas as cenas importantes do filme.


O roteiro é algo simplesmente maravilhoso como sempre foi quando teve o dedo do nosso querido Sly. Nesse segundo filme houve uma colaboração bem maior do Stallone, pois era um filme que reprisava muito do Rocky IV. Na verdade podemos dizer que foi ate uma recriação moderna do quarto filme da franquia. Tem momentos que o roteiro caminha exatamente da mesma maneira que foi conduzido em 1985. Creed II em toda sua montagem celebra mais de trinta anos depois o filme mais clássico da franquia Rocky trazendo a mesma trama e fazendo a história se repetir com um peso dramático bem semelhante a qual o público se deparou nos anos 80. Como eu já falei, não é obrigatório ter conhecimento da saga Rocky, e nem mesmo de Rocky IV para entender essa história, mas se vocês souber tudo que aconteceu, principalmente detalhes do que rolou entre Ivan Drago e Apollo Creed, com certeza muitas cenas farão seu coração bater mais forte. O final do filme tem um Plot bem pesado que se tratando da trama dentro do universo de Rocky foi uma redenção totalmente chocante. Tudo tem muito clima de final de um ciclo, e mesmo Rocky Balboa tendo vingado Apollo, foi nesse filme, na luta entre o filho do Apollo contra o filho do Ivan, mais de trinta anos depois que nós sentimos tudo se encerrar e todos saírem do ringue como deveria ter ocorrido lá em 85.


Os diálogos são um show a parte, o Stallone é quem faz muitos dos discursos dele, e a maioria funciona bem ate hoje. O roteiro nesse sentido de interação e relações é bem inteligente. O filme também recupera muitas condições que foram impostas no primeiro Creed, a principal delas é claro a relação da Bianca, par de Adonis que é cantora com a sua perda gradativa da audição. No primeiro filme do Creed, havia muitas metáforas envolvendo a garota e sua condição, mas nesse caso esse fato é usado muito para evoluir a relação física dela como personagem. Alias, esse é justamente um dos pontos fortes do longa, a construção e as motivações de todos presentes na trama são bem conviventes e coerentes com o enredo.


O Steven Caple Jr. fez o seu filme trazendo atributos diferentes para a franquia do Creed que a gente ainda não tinha visto. Um exemplo disso é a estética das suas cenas. Tem muitos momentos belos no filme que facilmente vão virar Wallpaper's daqui a um tempo. Ele cria propositalmente muitas cenas que parecem fotografias, em ângulos que deixam a cena mais dramática, o domínio que ele tem dessa arte é inacreditável. Tudo dele é bem mais bonito e com um clima mais artístico comparado ao tipo de filmagem do Coogler.


O elenco de Creed II traz de volta toda aquela galera sensacional que a gente já conhece. O Michael B. Jordan (Pantera Negra) faz o Adonis Creed, o Sylvester Stallone (Rocky) interpreta seu clássico papel de Rocky Balboa, a Tessa Thompson (Thor: Ragnarok) é a Bianca, o Dolph Lundgren (Aquaman) esta maravilhoso nesse filme. Eu não achava ele tão bom ator na época do Rocky, mas atualmente ele é um monstro e esta muito bem no seu papel de Ivan Drago. O lutador/ator Florian Munteanu é quem faz o Viktor Drago, a Phylicia Rashād (The Cosby Show) vive a Mary Anne mais uma vez, a Brigitte Nielsen (Rocky IV) volta também depois de trinta anos para reprisar seu papel de Buddy Marcelle, o Wood Harris (Ouro Branco) é o Tony Evers e o Milo Ventimiglia (Rocky Balboa) faz uma participação especial depois de treze anos para interpretar novamente o Robert, filho do Rocky.


Creed pode não ser um filme de super-herói, mas tem muito o clima de um. O longa na verdade tem uma estrutura e edição sonora ate certo ponto bem semelhante a um filme de origem de um personagem. Na verdade muito disso é construído nas cenas que vão apresentado o Viktor Drago e o Ivan. Toda a relação, todo o histórico, toda a magoa, forma um clima vilanesco que domina completamente o primeiro ato dando essa impressão de filme de herói. No segundo ato o ritmo diminui, para explodir no terceiro que é simplesmente emocionante do começo ao fim. As vezes dá impressão de que o filme tenta evitar qualquer semelhança politica com o filme de 1985, pois para quem não sabe tanto o EUA quanto a Russia vivem momentos bem diferentes do que era naquela época, 85 era guerra fria com os climas a flor da pele. O fato do Adonis não usar as cores americanas contra o Viktor pode ser uma referência a isso, evitando ai ate problemas com eventuais interpretações erradas sobre o objetivo do filme.

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