Na grande cadeia alimentar do ensino médio, sempre existe a grande garota popular e também o tímido rapaz da turma que é apaixonado por essa garota, certo? Vários filmes abordam essa temática, com um final em que normalmente o rapaz passa por cima de todos os esteriótipos e conquista sua amada. Dentro dessa grande galeria de filmes, existem alguns que vale dar uma atenção maior, e é sobre um desses trabalhos nos vamos falar hoje. Por isso jovens, terminem seus deveres de casa e se preparem pois hoje é dia de Eu te amo, Beth Cooper.
Antes de darmos inicio oficialmente a análise retrô de hoje, vale citar que esse longa tem um tipo de humor que não é necessariamente negro, mas flerta muito com esse tipo de piada. O longa aqui é focado mais em exagerar esteriótipos, porém mesmo assim ainda tem piadas pesadas e bem picantes. Então se você curte esse tipo de filme, vale muito a pena dar uma lida em algumas outras análises que a gente fez de trabalhos semelhantes a esse, como por exemplo, Projeto-X, Superbad, Show de vizinha e O Pacote.
O enredo desse longa nos apresenta um rapaz chamado Denis, que no discurso da sua formatura resolve declarar todo o seu amor por uma das garotas mais lindas da escola, a Beth Cooper. Mal sabia Denis que revelar seu desejo mais interno desencadearia uma noite inesquecível, onde ele fica na linha tênue entre morrer e conseguir o tão desejado coração de Beth Cooper.
A gente falou ali em cima do tipo de humor que esse longa carrega, e analisando bem esse aspecto, a gente pode perceber que ele é quase todo depositado em cima da aparência dos personagens. A Beth Cooper é super linda, dentro do grande esteriótipo da menina perfeita. Já o Denis é estereotipado dentro daquele molde de loser de ensino médio. Ambos os dois personagens carregam características também estereotipadas do que seria a personalidade deles na vida real, e ambos reagem a situações como teoricamente seria de modo natural. O humor desse filme vem muito nessa onda de brincar com a feiura e beleza dos personagens, o que é muito legal, já que normalmente esse padrão de beleza fica muito subintendido em outros filmes do gênero, e o foco corre muito pela estrada do status social que cada um arranja na escola com sua aparência.
Apesar de toda a construção dos personagens serem baseados em esteriótipos, essas características são bem funcionais e é fácil você acreditar na personalidade deles. O Denis e o Rich, que formam o núcleo dos rapazes, entregam bem uma visão do que as garotas do mundo real podem ter de garotos como eles. E a Beth, junto com o núcleo feminino, entrega bem o que rapazes da nossa realidade veriam nelas. Existem alguns diálogos e alguns momentos dentro do próprio filme que concretizam a visão de fora em relação a esses personagens, e por esse fato do roteiro saber exatamente o que ele queria entregar, eu acho que os esteriótipos funcionam muito bem.
Ainda dentro desse contexto de beleza e cadeia alimentar escolar, esse trabalho também sustenta muito aquele grande conceito sobre o poder das garotas bonitas durante o ensino médio. Apesar do filme se passar na noite da formatura, ainda sim vemos um reflexo do que seria a Beth no ensino médio e todo o poder que o status físico dela abre para ter vantagens em certas situações. O humor nesse contexto também funciona bem, e é justamente nessas viradas e nessas escolhas da personagem que a gente vai construindo mais do background dela.
Em geral, não existe tanta profundida assim nos personagens principais, porém... O Denis tem sua base bem fixada e a do Rich vai sendo desenvolvido a partir de uma informação que é dada sobre ele. No caso da Beth isso é bem mais complicado no filme, já que ela é a personagem mais complexa desse trabalho. A realidade é que esse longa tentou dar uma profundidade ao Background da Beth, mas tudo ficou muito sem sustento, já que muito dela foi jogado em tela de modo vago. Então a Beth tem seus problemas de roteiro, e no meu ver ela funcionaria melhor se não tivessem tentado criar um drama tão grande pra cima dela.
Apesar dessa questão envolvendo a protagonista, o resto do filme corre muito bem, entrega uma jornada muito satisfatória, entrega uma trama bem divertida de assistir e também entrega um arco geral bem legal. Apesar da história sem muito simples, ela é bem bonitinha e por isso agrada muito.
Mas o enredo não foi a única coisa que caminhou bem durante o tempo do filme. O visual dos personagens evoluiu junto com a trama, e eu gostei bastante do constaste deles no inicio, para o fim do filme. No caso da Beth Cooper, é como se a gente tivesse vendo a perda do brilho dela na visão do Denis, conforme o filme vai passando. É muito interessante ver ela no fim do longa, quando ela já não tem mais toda aquela perfeição do começo.
Mas em toda essa jornada da história, nós também temos que questionar algumas coisas, já que muitas vezes durante a narrativa desse trabalho, alguns personagens simplesmente brotam em certos lugares com a desculpa mais rasa possível. Eu entendo que um filme de humor não está se importando tanto com argumentos e sim em fazer a história andar, mas... A todo momento personagens se cruzarem é uma conhecidencia que poderia ter sido mais trabalhada.
E muitos desses encontros, fazem com que todo o núcleo principal se esbarrassem. E é justamente nesses momentos onde temos o lado mais galhofa do humor em Eu te amo, Beth Cooper. Na verdade, naturalmente o lado cômico desse filme pende muito para algo brega, mas... Tem momentos que é pura galhofa em tela. O exagero de lutas, de confusão, misturado com os esteriótipos e com a direção bem forte do Chris Columbus, resultou em algumas cenas que passaram do ponto.
Enquanto o humor exagerado saia do papel de forma galhofa, o humor depositado em cima do Rich, saiu do papel de maneira brilhante. Esse personagem, que é o melhor amigo de Denis, é um puro nerd cinema, e o cara é sensacional o filme inteiro. Tanto as piadas com cinema, quanto com as depositadas nele mesmo, funcionam muito bem e diria eu, são as melhores do filme.
Ainda falando do Rich, o vicio de cinema dele é tão forte nesse longa, que o próprio trabalho usa ele pra fazer referência a vários clássicos do cinema. Tem citações e cenas de longas que vieram dos primórdios do cinema, e essa chuva de easter eggs rola durante todos os três atos.
Além das referências ao cinema, existe também algumas referências a músicas, que normalmente aparecem no meio da trilha sonora super bem escolhida do filme. Foi uma seleção bem POP, que com certeza agradou bastante o público jovem da época.
O elenco desse longa traz uma galera bem legal. A Hayden Panettiere (Nashville) é a Beth Copper, o Paul Rust (Bastardos inglórios) é o Denis, o Jack Carpenter (Putzel) é o Rich, a Lauren London (ATL) é a Cammy, a Lauren Storm (Colega de quarto) é a Treece, e o Shawn Roberts (Resident Evil) é o Kevin.
Bom clã, hoje trouxemos para vocês mais um longa clichê de ensino médio que eu sei que vocês tanto gostam. Por isso, relaxem que ainda existem muitos clássicos desse gênero e logo mais nós voltaremos aqui para falar de algum outro trabalho que ande na mesma pista que Eu te amo, Beth Cooper.
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